Prefeitura de Ribeirão Pires e MP investigam subcomandante da GCM acusado de assédio contra subordinados

Published 4 hours ago
Source: g1.globo.com
Prefeitura de Ribeirão Pires e MP investigam subcomandante da GCM acusado de assédio contra subordinados

GCMs discutem com subcomandante de Ribeirão Pires A Prefeitura de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, abriu um processo de investigação contra o subcomandante da Guarda Civil Municipal (GCM) da cidade, Antônio Carlos de Brito Araújo, após denúncias de assédio contra guardas. O Ministério Pública também investiga o subcomandante. Brito Araújo é atualmente o número dois da GCM da cidade, que fica a cerca de 30 km da capital paulista, abaixo apenas do comandante Wenderson Ferreira e do secretário da Segurança Urbana, Mobilidade e Defesa Civil, Arlei Capoccio. O g1 apurou que dezenas de guardas foram ao Ministério Público denunciar situações de assédio promovidas por Araújo contra seus subordinados, que estão gerando constrangimento e até doenças laborais. O estopim para a denúncia coletiva foi uma dupla de GCMs que foi humilhada e xingada pelo subcomandante, aparentemente sem motivo. O subcomandante Antônio Carlos de Brito Araújo, da GCM de Ribeirão Pires, é alvo de denúncias de assédio dentro da tropa. Montagem/g1/Reprodução/PMRB De acordo com um dos GCMs abordados, Araújo chegou de moto ao local em que eles estavam e passou a gritar, xingar e cobrar o bloqueio imediato de uma via, apesar de a equipe afirmar que aguardava orientação do inspetor-chefe para agir de forma coordenada. O GCM relata que o superior os chamou de “burros” e usou palavrões. “Ele desceu da moto já gritando, ofendendo, dizendo que a gente só fazia c* e que estava de saco cheio de trabalhar com gente burra”. Os dois guardas civis metropolitanos foram à delegacia e registraram boletim de ocorrência contra o superior. Antônio Carlos de Brito Araújo e o corregedor da GCM Edvaldo Rhein: amizade que tem atrapalhado o andamento de denúncias dentro da tropa. Montagem/g1/Reprodução No boletim de ocorrência, os dois GCMs disseram que deixaram o local em direção à base, mas foram perseguidos pelo subcomandante em uma moto, que continuava fazendo xingamentos. O vídeo de parte da perseguição começou a circular nas redes sociais da cidade e chegou ao gabinete do prefeito Guto Volpi (PL), que teria determinado férias compulsórias de Brito Araújo. Após o episódio, outros GCMs foram ao MP denunciar o subcomandante e narraram, em depoimento, outras cenas de humilhação. A equipe contou que foram feitas várias denúncias para o corregedor-geral da GCM de Ribeirão Pires, Edvaldo Rhein, que não dava prosseguimento às denúncias por ser amigo pessoal do subcomandante. A reportagem tenta contato com Brito Araújo e Edvaldo Rhein, mas até o momento não teve sucesso. Denúncia no Ministério Público Além dos episódios de assédio, com gritos e ameaças, os GCMs narraram sumiço de peças de viatura, uso irregular de equipamentos da Guarda para fins particulares e punição de subordinados sem justificativa técnica durante a gestão de Antônio Brito Araújo. Na condição de anonimato, alguns GCMs disseram ao g1 que após a visita ao Ministério Público, Antônio Carlos de Brito Araújo teria ido à casa de alguns guardas de Ribeirão Pires fazer ameaças a eles e suas famílias. Por meio de nota, a Prefeitura de Ribeirão Pires disse “que a Secretaria de Segurança Urbana abriu processo administrativo para apurar o caso, sob acompanhamento da Promotoria de Justiça de Ribeirão Pires”. “Informamos ainda que nenhum dos profissionais foi afastado dos seus cargos”, declarou a gestão do prefeito Guto Volpi. O g1 contatou a Promotoria de Ribeirão Pires, mas o promotor Jonathan Vieira de Azevedo disse que não vai se pronunciar por ora sobre o assunto, mas confirmou que colheu o depoimento de dezenas de GCMs que procuraram o Ministério Público com denúncias contra o comando da GCM da cidade. “O Ministério Público segue apurando os fatos de forma independente por meio de investigação própria e não intervém ou exerce qualquer influência nas apurações internas conduzidas pela GCM”, disse o MP de Ribeirão Pires em nota. Bastidores O prefeito de Ribeirão Pires, Guto Volpi (PL), envolto em mais problemas com a GCM da cidade. Reprodução/Redes Sociais A reportagem apurou com membros da gestão Guto Volpi que o subcomandante foi obrigado a tirar férias antecipadas, para deixar a fervura da crise baixar. Os dois GCMs que denunciaram o subcomandante também teriam sido afastados por motivo de férias antecipadas e licença prêmio, a fim de baixar o tom das críticas dentro da corporação. Eles teriam sido alvo de inquérito administrativo dentro da GCM pelo episódio, mas o subcomandante, autor das agressões verbais, não teria tido o mesmo procedimento aberto. A gestão Guto Volpi não confirmou a abertura de inquérito disciplinar contra os dois GCMs. Ribeirão Pires Arte/g1 Queda do secretário Em abril, o g1 já tinha mostrado que o ex-secretário da Segurança Pública de Ribeirão Pires, Sandro Torres Amante, foi condenado a 2 anos e 11 meses de prisão pelo crime de furto qualificado. A decisão foi tomada neste ano em 2ª instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele perdeu o cargo uma semana depois das denúncias feitas pela reportagem. O crime de furto de mercadorias em açougues aconteceu em junho de 2018 — à época, Sandro era subcomandante da Guarda Civil Municipal de Ribeirão. Grupo que inclui secretário da Segurança de Ribeirão Pires divide mercadoria furtada LEIA MAIS: Inspetor-chefe da GCM de Ribeirão Pires perde o cargo após denúncia contra secretário da Segurança EXCLUSIVO: secretário da Segurança Pública e um GCM de cidade na Grande SP são condenados por furtar carne, dinheiro e câmeras de açougues MP vê formação de milícia dentro da GCM em cidade na Grande SP; secretário e guarda foram condenados por furto Além dele, Gutembergue Martins Silva (inspetor-chefe da GCM à época) e o ajudante geral Marcelo Cruz Dallavali foram condenados pelo mesmo crime. A Justiça ainda decretou a perda dos cargos públicos de Sandro e Gutembergue. Na mesma época, o g1 mostrou que o Ministério Público investigava a formação de uma milícia dentro da GCM de Ribeirão Pires. Guardas civis municipais de Ribeirão Pires, cidade da Grande São Paulo, são acusados pelo Ministério Público de integrar uma milícia particular ao menos entre os anos de 2019 e 2023. Os agentes teriam se estruturado para cometer crimes como furtos e extorsões no município. Segundo o MP, o grupo reúne todas as características do crime, como número de integrantes, organização, divisão de tarefas, uso de armamento e até conexões com empresas privadas de segurança. A denúncia indica ao menos cinco GCMs como membros dessa milícia — um deles é Sandro Torres Amante, ex-secretário da Segurança Pública de Ribeirão Pires, mas que o g1 apurou que ainda tem ingerência sob a tropa, após ter ajuda na escolha dos substitutos, com nomes de sua preferência para comandar a Guarda, após sua saída do posto de secretário. "O Ministério Público continua investigando pessoas que formaram a verdadeira milícia particular dentro da GCM. Isso fez parte da investigação do Gaeco, que apontou que o trabalho de segurança privada para o município era desvirtuado da função de segurança pública para que os membros da própria guarnição pudessem desviar o foco das câmeras para que crimes de furto pudessem ser praticados na comarca de Ribeirão Pires", explicou na época o promotor Nadir Campos. Secretário e GCM de cidade na Grande SP são condenados por furtar açougues

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