Dados sobre renda, trabalho e famílias revelam o tamanho da desigualdade no DF; entenda

Published 10 hours ago
Source: g1.globo.com
Dados sobre renda, trabalho e famílias revelam o tamanho da desigualdade no DF; entenda

População do DF na Rodoviária do Plano Piloto Pedro Ventura/Agência Brasília Uma pesquisa inédita divulgada nesta quinta-feira (18) mostra as dimensões da desigualdade de renda e de oportunidades que atinge as famílias do Distrito Federal. O estudo foi feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em parceria com Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF) e reúne dados de renda, emprego e organização familiar. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp. Os dados mostram que, em 2024, as famílias mais ricas do DF: ganharam quase dez vezes mais que as mais pobres; tinham menos pessoas em casa, tinham maior escolaridade; conseguiam uma inserção mais estável no mercado de trabalho. No extremo oposto, as famílias de menor renda concentraram mais integrantes, maiores taxas de desemprego – e são, em sua maioria, chefiadas por mulheres. Pesquisa revela a participação da população negra no mercado de trabalho do DF Renda média familiar A distribuição de famílias no DF foi dividida em 4 grupos – sendo o grupo 1 com a menor renda, e o grupo 4, com a maior. Em 2024, cada família tinha em média 2,5 pessoas. Porém, esse número muda conforme a renda per capita (quanto cada pessoa da família ganha, em média). Quanto maior a renda, menor o número de pessoas na família. Quanto menor a renda, maior o número de pessoas na família. As famílias do grupo 1, que representam os 25% com menor renda, tiveram ganho médio de R$ 2.018 no ano. No outro extremo, as famílias do Grupo 4 registraram renda média de R$ 19.145 — quase dez vezes maior. Os grupos intermediários também ficaram longe do topo: o Grupo 2 teve renda média de R$ 3.360; o Grupo 3 alcançou R$ 6.389 médios mensais. Esses valores representam apenas 17,6% e 33,4% da renda do grupo mais rico, respectivamente. No caso do Grupo 1, a proporção é ainda menor: 10,5%. Segundo o censo, há mais brasileiros vivendo em imóveis alugados Renda média — ocupação no trabalho Em 2024, a renda média das famílias proveniente do trabalho principal foi de R$ 5.282. Mas esse valor muda quando se olha para os diferentes grupos econômicos. Entre as famílias do grupo 1 , a remuneração média foi de apenas R$ 1.196. No grupo 2, subiu para R$ 2.277. Já no grupo 3, chegou a R$ 4.769, e no topo, o grupo 4 registrou uma média de R$ 12.897. Renda média — ocupação do chefe da família A pesquisa também olhou para a renda específica do chefe de família. Na média, ela é bem menor que a média total: R$ 3.438. A diferença indica que, nas famílias do DF, é menos comum haver um único provedor. Entre as famílias do grupo 1, por exemplo, o valor médio recebido pelo chefe de família é de R$ 791 mensais – menos de meio salário mínimo. No grupo 4, o valor médio chega a R$ 8.652 para os chefes de famílias de maior renda. Mais uma vez, mais de dez vezes maior que o encontrado nas famílias de menor renda. 2023: Mapa das Desigualdades revelou diferenças de renda e infraestrutura entre regiões do DF Bolsa Família Em 2024, pouco mais de 10% das famílias do DF que tiveram seus rendimentos analisados eram beneficiárias do Programa Bolsa Família. Entre as famílias do grupo 1, quase um terço recebia o benefício. No grupo 2, formado por famílias com renda um pouco maior, 8,9% eram beneficiadas. Já nos grupos mais ricos — grupos 3 e 4 —, a participação foi irrelevante ou não houve dados disponíveis. Mercado de trabalho Em relação a inserção no mercado de trabalho, quanto menor a renda, maior a dificuldade para arrumar emprego. Dados indicam que 67,4% dos chefes de família do Distrito Federal estavam ativos no mercado de trabalho, mas apenas 61,3% estavam efetivamente trabalhando. Essa diferença de 6,1 pontos percentuais corresponde aos chefes de família que estavam em busca de emprego no período da pesquisa, mas não conseguiram uma ocupação. Veja a relação entre a taxa de participação e o nível de ocupação: Grupo 1: taxa de participação de 66,9%, mas só 49,1% estavam ocupados (diferença de 17,8 pontos percentuais) Grupo 2: taxa de participação de 61,9% e ocupação de 58,0% (diferença de 3,9). Grupo 3: taxa de participação de 72,0% e ocupação de 69,9% (diferença de 2,1). Grupo 4: taxa de participação de 68,8% e ocupação de 68,2% (diferença mínima de 0,6). Entenda: ➡️Taxa de participação: é a proporção de chefes de família que estão trabalhando ou procurando emprego. Indica quem está disponível para trabalhar. ➡️Nível de ocupação: é a proporção de chefes de família que estão efetivamente empregados. Mostra quem conseguiu trabalho. Desemprego A taxa de desemprego total dos chefes de família na capital federal em 2024 foi de 9%. Ao analisar os dados do grupo 1, com menor renda, 26,6% estavam desempregados — quase três vezes mais que a média geral. Pesquisa mostra aumento no número de famílias endividadas no DF Estruturas familiares Os dados divulgados também mostram a predominância de famílias constituídas por casais com filhos — pai, mãe e filhos — no DF, representando 28,5% do total. Logo depois, aparecem pessoas que vivem sozinhas, com 25,6%. O perfil é mais comum entre mulheres (14%) do que entre homens (11,6%). Outro tipo importante é a família monoparental — pai ou mãe com filhos — que corresponde a 17,7% das famílias. Nesse grupo, a presença feminina corresponde a 15,8%; a masculina, a 1,9%. As famílias formadas por casais sem filhos representam 16,7%, e os demais tipos de estruturas — como parentes ou amigos morando juntos — somam 11,4%. A pesquisa mostra ainda que o tipo de família muda conforme a renda. Entre a população do grupo 1, são mais comuns as estruturas familiares: casal com filhos (33%) monoparental (34,2%) e outros tipos (17,4%). Já no grupo 4, essas mesmas estruturas caem para 23,7%, 9,6% e 6,4%, respectivamente. O contrário acontece com famílias nos modelos "casal sem filhos" e "unipessoais" (pessoas morando sozinhas): quanto maior a renda, maior a presença dessas estruturas. No grupo 1, apenas 7,7% das famílias eram casais sem filhos e 7,7% eram unipessoais. No Grupo 4, esses números sobem para 24,5% e 35,8%. Quem chefia as famílias no DF? Em grande parte, mulheres Mais de 40% das famílias do Distrito Federal eram chefiadas por mulheres em 2024. Esse número chegava a 52,6% entre as famílias do grupo de renda mais baixa — grupo 1. No grupo 2, a chefia feminina também era acima da média, 42,9%. As proporções de famílias chefiadas por mulheres nos grupos 3 e 4 foram semelhantes, com 33,2% e 33,9% respectivamente. Faixa de idade Com relação a faixa de idade dos chefes de família, independente do grupo de renda familiar, mais de 50% das famílias eram chefiadas por pessoas de 30 a 59 anos de idade. A pesquisa indica que a maior proporção de famílias chefiadas por pessoas adultas estavam no grupo 1 de renda (65,4%) e a menor no grupo 2 (52,9%). A chefia juvenil, de até 29 anos, respondiam por 11% do total das chefias de família e era maior no grupo 1, com 15,7%. Enquanto idosos de 60 anos e mais respondiam por 29,5% das chefias de família e era maior no grupo 2, com 35,7%. Escolaridade Quanto maior a renda, maior o nível de escolaridade. Entre os mais ricos, a maioria tem ensino superior; entre os mais pobres, quase metade tem apenas ensino fundamental. No grupo 1, 44,3% tinham apenas ensino fundamental e só 7,3% tinham nível superior. No grupo 4, mais de 75% tinham diploma universitário. 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