Corujas-buraqueiras ganham proteção no coração de Santa Fé do Sul (SP)

Published 3 hours ago
Source: g1.globo.com
Corujas-buraqueiras ganham proteção no coração de Santa Fé do Sul (SP)

Santa Fé do Sul, no noroeste paulista tem 36 mil habitantes. É uma cidade tranquila, típica do interior. O município que fica perto da divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul e Minas Gerais tem alguns moradores ilustres. Na avenida Navarro de Andrade, a principal de Santa Fé do Sul, mora uma dessas famílias. Foi aqui que o observador de aves, Percival Gonzales encontrou ninhos de coruja-buraqueira (Athene cunicularia). "Como essa praça fica perto do meu trabalho, eu fiquei sempre observando elas. Aí me deparei com o ninho delas lá e fiquei monitorando. Tirou os filhotes, aí eu pensei, por que não colocar uma plaquinha, pra ajudar a preservar as corujas", explica Percival. A coruja-buraqueira pesa entre 110 e 285 g (machos) e entre 150 a 265 g (fêmeas). Percival Gonzales Junto de amigos Percival conseguiu apoio para comprar o material necessário para fazer a placa. Ela foi instalada ao lado de um das tocas das aves. Apesar da família morar no centro da cidade, as corujas já se acostumaram com o agito urbano. "Elas estão acostumadas com todo mundo, todo mundo que passa ali elas nem mais voam, às vezes uma entra na toca, às vezes nem entra. Então elas estão bem acostumadas, acostumadas com as pessoas que passam à pé. Como tá bem pertinho da rua, então passa carro toda hora. Carro, caminhão, fazendo barulho, estardalhaço. Mas elas ficam bem de boa", relata Percival. O observador acompanha o comportamento das corujas. No noroeste paulista faz muito calor durante as tardes. No período de primavera e verão, é comum elas procurarem abrigo pertinho dali. "Ao lado do ninho tem uma mini estação do trenzinho da alegria, quando o sol tá muito quente , em vez de ficar encima da placa ela vai pra bilheteria e fica na bilheteria, até passar o sol pra elas voltarem pra toca delas", comenta o observador. Coruja-buraqueira ao lado da placa com informações sobre a espécie Percival Gonzales A placa apresenta informações como o nome científico, mas também alerta a comunidade sobre a presença das corujas-buraqueiras no canteiro da avenida. Percival Gonzales também fez questão de chamar a atenção dos moradores de Santa Fé do Sul para o cuidado com o lar da espécie. "Depois que eu coloquei a placa, tive a iniciativa de colocar essa placa, de preservar, todos colaboram com a preservação. Pessoal tira foto, faz vídeo, virou um ponto turístico ali". Além de cuidar do ninho das corujas-buraqueiras, Percival Gonzales mantém um comedouro para araras-canindé (Ara ararauna) num ponto público de Santa Fé do Sul. No local também foi instalada uma placa com mensagem de conservação da espécie. A arara-canindé mede cerca de 80 centímetros de comprimento Percival Gonzales A espécie A coruja-buraqueira pertence à família Strigidae. O nome científico pode ser traduzido como "pequeno mineiro", isso porque a espécie cava buracos no solo para fazer a toca. É uma ave de pequeno porte com tamanho médio de 21,5 a 28,5 cm no caso dos machos e de 22 a 25 cm no caso das fêmeas. A coruja-buraqueira pesa entre 110 e 285 g (machos) e entre 150 a 265 g (fêmeas). A cabeça é redonda, sem penachos. Os olhos estão dispostos lado a lado, num mesmo plano. As sobrancelhas são brancas e os olhos amarelos. Ao contrário da maioria das corujas, o macho é ligeiramente maior que a fêmea e as fêmeas são normalmente mais escuras que os machos, principalmente na face. A coruja-buraqueira ocorre em quase todo Brasil com exceção da bacia amazônica Percival Gonzales Os ninhos são feitos em cupinzeiros e buracos escavados sobre o solo, costumando cavar túneis de até 2 metros e forrar o fundo com capim seco. O casal se reveza nesse trabalho. As covas possuem em torno de 1,5 a 3 metros de profundidade e 30 a 90 centímetros de largura. Ao redor acumula estrume e se alimenta dos insetos atraídos pelo cheiro. Bota, em média, de 6 a 11 ovos. A incubação dura de 28 a 30 dias e é feita somente pela fêmea. Enquanto a fêmea bota os ovos, o macho providencia a alimentação e a proteção para os futuros filhotes. Os cuidados da cria enquanto ainda estão no ninho são tarefa do macho. Os filhotes saem do ninho com aproximadamente 44 dias e começam a caçar insetos quando estão com 49 a 56 dias. Os filhotes, ao escutarem o alerta, entram no ninho, enquanto os adultos voam para pousos expostos e atacam decididamente qualquer fonte de perigo para os filhos. Podem defender o ninho, voando em direção a um predador potencial, inclusive pessoas, desviando no último momento. A coruja-buraqueira pode ser encontrada do sul do Canadá à Terra do Fogo na Argentina. E em quase todo Brasil com exceção da bacia amazônica. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

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