Universitária é quase presa por engano por ter nome parecido com o de suspeita de tráfico

Published 4 hours ago
Source: g1.globo.com
Universitária é quase presa por engano por ter nome parecido com o de suspeita de tráfico

Elaine foi conduzida à delegacia após ser confundida com uma suspeita de tráfico de drogas, por ter o nome muito parecido Arquivo pessoal/ Marcelo Rodrigues da Costa Uma moradora de Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, vive em permanente estado de tensão. O motivo é o seu nome, muito parecido com o de uma suspeita de envolvimento com tráfico de drogas, que está foragida. A universitária Elaine Cristina Silva Costa, de 43 anos, foi confundida duas vezes, pela Justiça, com Elaine Cristina da Silva Costa, a verdadeira ré. Por causa do tamanho da dor de cabeça e da sequência de constrangimentos, ela decidiu o mudar o nome. Tudo começou em junho de 2024, quando Elaine recebeu uma intimação de uma oficial de justiça, sobre um acordo realizado em uma audiência de um processo criminal. Imediatamente, ela disse que se tratava de um erro e iniciou um processo para comprová-lo. No final de julho, após apresentar toda a documentação mostrando que ela era outra pessoa, a Justiça reconheceu o equívoco e determinou a correção dos dados. ✅ Clique aqui e siga o perfil do g1 Goiás no WhatsApp A estudante de administração acreditou, então, que tudo estava resolvido, até que teve uma surpresa ainda pior, no dia 5 de agosto de 2025, quando, ao chegar da faculdade, ela se deparou com policiais em frente à sua casa, com uma ordem de prisão. Em entrevista ao g1, Elaine afirmou que, ao ver a polícia, não pensou que estivesse atrás dela, porque acreditou que o caso de homonímia estivesse resolvido. "Fiquei incrédula, com sensação de invasão, de vulnerabilidade e de profunda injustiça. Esse segundo erro da justiça me abalou profundamente, atingiu diretamente a minha dignidade, tranquilidade e segurança", disse Elaine. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Ao mostrar para os policiais todo o histórico, os agentes entenderam a situação, mas falaram que ela precisaria comparecer à delegacia de Luziânia porque, como já passava das 19h, a de Valparaíso já estava fechada. A situação constrangedora foi presenciada por amigos e familiares. "Quando fui conduzida à delegacia, eu fui somente com a minha mãe, que não permitiu que eu fosse na viatura com três policiais. Meu tios, primos e amigos chegaram lá minutos depois", disse. LEIA TAMBÉM Jovem é preso como verdadeiro motorista que atropelou menino e fugiu sem prestar socorro, em Goiânia Mulher denuncia que ficou presa injustamente por cinco dias: 'Momentos de terror' Catador de recicláveis torturado ao ser preso por engano por matar e estuprar mulher é indenizado 32 anos após o crime Pedido de indenização Marcelo Rodrigues da Costa, advogado de Elaine, afirmou ao g1 que agora a universitária vai processar o Estado de Goiás pelos constrangimentos, causados por uma sequência de erros. Segundo Marcelo, será solicitada uma indenização em caráter pedagógico. "É para que eles (o Estado) procurem nunca mais fazer isso, inclusive com outras pessoas", afirmou. O g1 entrou em contato com a Procuradoria-Geral do Estado (PGE), para se manifestar sobre a declaração, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O advogado destaca que, apesar da extrema semelhança entre os nomes, com a diferença apenas da preposição "da" antes do sobrenome "Silva", todos os demais dados eram distintos. Elaine, sua cliente, nasceu em 1982, em Parnaíba, no Piauí, e morava em Valparaíso de Goiás. A mulher alvo da Justiça é de Pompéu, Minas Gerais, onde nasceu em 1978, e mora em Catalão. Também não há semelhança física entre elas. Marcelo ressalta, ainda, que a confusão persistiu mesmo após um pedido do próprio Ministério Público de Goiás para o cadastro ser atualizado. Ou seja, o problema continuou por falha humana, causando danos psicológicos à Elaine. "A gente chama isso de 'dor do processo'. Isso é a mesma coisa de você ser acusado de uma coisa que você não fez. Quem ande direitinho na vida não quer nem ouvir falar de questões judiciais", disse. Novo nome Além dos constrangimentos nos momentos em que foi alvo da intimação e do mandado de prisão, Elaine conta que viveu situações embaraçosas entre amigos e no trabalho, tendo que explicar o caso várias vezes e, agora, o porquê de mudar o seu nome, que deixará de ser "Elaine" e será "Helena". O objetivo, segundo Elaine, é não correr o risco novamente de ser presa. "No âmbito familiar, houve muita preocupação e receio de que a situação voltasse a se repetir e de forma mais grave, pois, se eu não estivesse com a documentação que comprovava que eu não era a homônima, eu teria sido presa", afirmou. O g1 questionou o TJGO sobre o que motivou o erro, cometido pela comarca de Catalão, mas o tribunal forneceu apenas a decisão do juiz Breno Gustavo Gonçalves dos Santos, proferida dois dias depois da condução de Elaine à delegacia. Nela, o magistrado determinou a retirada do mandado contra Elaine e a expedição contra a verdadeira ré por tráfico de drogas. 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