Pastores acusados de maus-tratos e morte de sobrinha de 2 anos têm pena mantida no AC

Published 4 hours ago
Source: g1.globo.com
Pastores acusados de maus-tratos e morte de sobrinha de 2 anos têm pena mantida no AC

Pastores acusados de maus-tratos e morte de sobrinha de 2 anos têm pena mantida no AC O casal de pastores Tanes José Antônio Lima de Almeida e Elione Sampaio Jerônimo tiveram a pena de 5 anos de prisão mantida pela Justiça do Acre. O casal foi condenado em março deste ano pela morte da pequena Yasmin de Almeida Santos, em 2015, na época com 2 anos e 9 meses. A criança morava com os tios, três irmãos e seis primos no bairro Jardim Tropical, em Rio Branco, e foi vítima de maus-tratos praticados pelos tios, segundo a Justiça. O casal nega o crime e entrou contra a decisão. 📲 Participe do canal do g1 AC no WhatsApp Cada um pegou 5 anos e 4 meses de prisão em regime semiaberto por maus-tratos contra Yasmin. Os pastores alegam que, na verdade, Yasmin morreu em decorrência das agressões praticadas pelo irmão mais velho, uma criança de 10 anos na época. Ao g1, o advogado que defende o casal, Gleyh Holanda, afirmou que a condenação foi injusta e que os clientes não são os responsáveis pela morte da menina. "A pena ultrapassou quatro anos e eles vão ficar com a tornozeleira, caso o recurso especial não seja aceitos. Eram os guardiões dessas crianças e ainda tinha os filhos para cuidar. Era muita criança", resumiu. Abandono da mãe No processo, ao qual o g1 teve acesso, é descrito que a mãe de Yasmin tinha problemas com drogas e chegou a ser denunciada por familiares por abandonar os filhos em casa durante à noite para ir às festas. Yasmin nasceu em fevereiro de 2013. Na época, a mãe dela já tinha três filhos e vivia com o irmão do pastor, que estava foragido da Justiça. Segundo os autos, em 2014, as quatro crianças foram retiradas da mulher por ela não ter condições de criá-las. Pastores foram condenados por maus-tratos TV Globo/Reprodução Inicialmente, as crianças ficaram no Educandário Santa Margarida, contudo, a guarda dois mais velhos, de 10 e 8 anos, foi entregue aos pastores. A Justiça destaca que a mãe das crianças pediu para ficar com os dois mais novos, Yasmin, de 2 anos e 9 meses, e um menino de 4 anos, que tinha mudado de vida e tinha condições de cuidar dos filhos. Cerca de um ano depois, em novembro de 2015, a guarda das quatro crianças foi entregue para Tanes José Antônio Lima de Almeida e Elione Sampaio Jerônimo devido à falta de assistência e cuidados por parte da mãe delas. Segundo o processo, os órgãos de proteção à criança e adolescente acompanhavam a situação da família e faziam visitas ao casal. O processo destaca também que o irmão mais velho de Yasmin relatava que eles sofriam agressões tanto do casal quanto dos filhos dele, que na época tinham 10, 12, 16, 18 e 21 anos. A Justiça detalha no processo parte do relato do menino sobre as agressões dos tios e das primas. José Guilherme Santos de Almeida, de 14 anos, foi morto a tiros em uma casa abandonada em Rio Branco em 2020 Arquivo pessoal No relato, o menino conta que apanhou pela primeira vez do tio porque tinha se comportado mal na escola. "Bateu nas costas dele com uma mangueira de lava jato, que depois o conduziu para o quarto que tampou a sua boca com um pano para não gritar, que então bateu nas costas e nos pés dele com uma ripa, que depois o colocou de joelhos nas britas, que deixou o ar-condicionado ligado (...). Que Elione já bateu nele de cinturão. Que sua primas batem neles com a mão, nas costas deles e que, também os obrigam a ficar de joelhos. Que não quer morar mais lá, quer morar com a avó", descreve a Justiça no processo. De acordo com o advogado do casal, João Guilherme Santos de Almeida, irmão mais velho de Yasmin, foi morto a tiros aos 14 anos em uma casa abandonada na Rua Chico Mendes, bairro Novo Calafate, em Rio Branco, em setembro de 2020. Levada à UPA sem vida Ainda segundo o processo, os pastores levaram Yasmin à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do 2º Distrito de Rio Branco na madrugada de 21 de novembro de 2015. Conforme o relato dos médicos, a menina já chegou sem vida e tinha marcas de maus-tratos no corpo. Diante da suspeita, a Polícia Militar foi chamada pelos médicos e o casal levado para a delegacia. "Resta claro que os tios e guardiões da pequenina Yasmin, Tanes José e Elione Sampaio (no mínimo por omissão), de forma reiterada maltratavam a referida vítima, abusando dos meios de correção e disciplina, sendo certo que em decorrência desse constante tratamento desumano dispensado à ofendida, corroborado pela sua fragilidade e impossibilidade de suportar tamanhas agressões, no dia dos fatos, após passar muito mal, teria sido encaminhado à UPA do 2ª Distrito, local onde já teria chegado sem vida", diz. Criança chegou morta no hospital em novembro de 2015 Odair Leal/sesacre É descrito também no processo que Yasmin era uma criança fragilizada e que os acusados não apresentaram nenhum registro de atendimento médico, receitas de remédios ou qualquer outro acompanhamento em unidades de saúde para a menina. "Apenas alegam que a morte da vítima adveio de sua condição de saúde, sem contudo comprovarem que agiram para proteger, prover e garantir a saúde e vida da vítima", argumenta. A perícia encontrou marcas de violência nos braços, costas, no rosto e no pescoço da vítima. A causa da morte foi politraumatismo, provocado por ação contundente. "A materialidade, assim, restou inconteste, especialmente comprovada pelo laudo cadavérico que atesta, de forma categórica, que a criança apresentava esganadura, além de múltiplas lesões recentes e antigas, evidenciando um quadro reiterado de violência", afirma a Justiça. Criança caiu brincando Durante o julgamento, Tanes José e Elione Sampaio ressaltaram as dificuldades em cuidar das crianças, já que tinham outros seis filhos, e que tentavam ajudar a mãe dos sobrinhos também. No dia da morte de Yasmin, o casal alegou que a menina brincava com os primos na área externa da casa quando caiu. Na queda, a menina teria batido a cabeça no piso de cimento, machucou o joelho e ficou sangrando um pouco. Ela foi levada para dentro de casa reclamando de dor na barriga. "Elione tinha ido comprar mercadorias para fazer salgados e bolos, mas quando voltou por volta das 18h30, ouviu que Yasmin estava reclamando de dor na barriga. A colocou na caminha para ver televisão. Mais tarde, por volta das 20h30, a criança ainda reclamava de dor, colocou a criança no vaso sanitário de novo e voltou para fazer o bolo, que depois de algum tempo foi no banheiro e viu Yasmin caída dentro do vaso sanitário. Banhou a criança de novo, vestiu e colocou na cama para dormir. De madrugada a criança acordou com a barriga inchada e arfando [ofegante]", alegaram. O casal foi denunciado pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) em 2017. "Sustentam os apelantes tese de absolvição por ausência de provas de sua autoria, aduzindo que a vítima, ao tempo com dois anos de idade, era frágil e caía muito, além de ser constantemente alvo de agressões pelo irmão, ao tempo com dez anos de idade. Asseguram que são pastores e já tinham seis filhos, mas resolveram cuidar da vítima (sobrinha) por pena, em vista de que sua mãe tinha problemas com drogas", afirmaram em juízo. Reveja os telejornais do Acre

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