
Mato Grosso registrou 52 casos de feminicídio entre janeiro e dezembro de 2025, segundo dados do Observatório Caliandra, divulgados pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT). O número é o maior desde 2020, quando foram contabilizados 62 casos (veja gráfico acima). O levantamento inclui o caso de Emilly Azevedo Sena, de 16 anos, assassinada em 12 de março deste ano e que foi denunciado pelo MPMT como feminicídio. Já os dados da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso (Sesp-MT) não consideram o caso no balanço oficial. ⚖️ O feminicídio é um assassinato praticado contra uma mulher, especialmente pelo fato da vítima ser mulher, motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero. De acordo com o levantamento, as principais motivações dos crimes foram términos de relacionamentos, ciúmes associados ao sentimento de posse e o menosprezo pela condição feminina. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MT no WhatsApp Entre as vítimas, sete possuíam medidas protetivas de urgência, enquanto 45 não tinham nenhum tipo de proteção judicial no momento do crime. O mês de junho foi o mais violento do ano, com 10 registros, concentrando o maior número de ocorrências no período analisado. Já o município com maior número de casos foi Sinop, com seis feminicídios registrados. A maioria das ocorrências aconteceram dentro das casas das próprias vítimas, reforçando o cenário de violência no ambiente doméstico. Ainda segundo o painel de monitoramento, os principais meios utilizados pelos agressores foram armas cortantes ou perfurantes. Órfãos do feminicídio O engenheiro agrônomo Daniel Frasson é suspeito de ter matado a esposa Gleici Oliboni e de tentar matar a própria filha Reprodução O levantamento também revelou que, em 2025, 87 crianças e adolescentes ficaram órfãos de mãe em decorrência do feminicídio. No ano de 2024, o estado havia registrado 83 crianças e adolescentes que perderam as mães vítimas de feminicídio, o que evidencia a continuidade do problema e seus efeitos sobre novas gerações. Em Cuiabá, um benefício mensal é pago pela prefeitura para as crianças orfãs de mães vítimas de feminicídio. O auxílio ajuda com despesas, como a alimentação e material escolar das crianças. Relembre alguns casos Câmeras de segurança registraram momento em que mulher é morta em pesqueiro de MT Em agosto deste ano, a estudante de administração Jacyra Grampola Gonçalves da Silva, de 24 anos, foi morta a tiros enquanto estava em um pesqueiro no Bairro Verdes Campos, em Sorriso. O principal suspeito é o ex-namorado da vítima, José Alves dos Santos, de 31 anos, que foi preso um dia após o crime. Câmeras de segurança registraram o momento em que José chega ao local segurando uma caixa embrulhada. Em seguida, ele abre o pacote, retira uma arma e dispara diversas vezes contra Jacyra (vídeo acima). Já em janeiro deste ano, Regiane Alves da Silva, de 29 anos, foi morta a facadas enquanto estava com a filha três anos no colo e a outra filha, de 8 anos, sentada ao lado, em um bar de Confresa, a 1.160 km de Cuiabá. O marido da vítima, Emival Antunes Barbosa, de 47 anos, foi preso pelo crime. Com filha no colo, mulher é morta a facadas por marido em bar de MT A fonoaudióloga Ana Paula Abreu Carneiro, de 33 anos, foi morta a facadas dentro da casa onde morava, na Avenida das Sibipirunas, em Sinop. O principal suspeito do crime é o marido da vítima, Lucas França Rodrigues, de 22 anos, que foi preso em flagrante. Ana Paula foi morta um dia após discutir com o marido sobre escatologia — estudo teológico que trata dos últimos eventos na história do mundo ou do destino final da espécie humana. Lucas afirmou em depoimento que estudava escatologia e que a discussão com esposa ocorreu porque ela não concordava com a doutrina. Ana Paula Abreu Carneiro, de 33 anos, foi morta a facadas pelo marido Lucas França Rodrigues em Sinop Reprodução 🌹Quem são as vítimas Vítimas de feminicídio em Mato Grosso, durante o ano de 2025 Arquivo pessoal Vitoria Camily Carvalho Silva, de 22 anos. Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos. Roseni da Silva Karnoski, de 52 anos. Gleici Oliboni, de 42 anos. Maquiane Brito Arruda, de 28 anos. Vânia Cristina Benini, de 38 anos. Jacyra Grampola Gonçalves da Silva, de 24 anos. Fabiana Cruz Amorim, de 37 anos. Gabriela da Fonseca Moura, de 36 anos. Emilly Azevedo Sena, de 16 anos. Gislaine Ferreira da Silva, de 33 anos. Antonieta Barroso dos Santos, de 51 anos. Jthesica Barbosa, de 24 anos. Ana Paula Abreu Carneiro, de 33 anos. Gabrieli Daniel Sousa de Moraes, de 31 anos. Regiane Alves da Silva, de 29 anos. Júlia Nascimento Barbieri, de 22 anos. Vitória Rodrigues Farias, 23 anos. Fátima da Silva Barbosa, de 42 anos. Nerbys Osmary Cabrera Kreizi, de 33 anos. Maria Silveira Pereira, de 63 anos. Conceição Almeida Ferreira, de 50 anos. Jucielly Ribeiro, de 30 anos. Paulina Santana, de 52 anos. Yasmin Farias Cardoso, de 27 anos. Maria Selma Rocha dos Anjos, de 51 anos. Quitéria dos Santos Costa, de 29 anos. Vanusa dos Santos, de 43 anos. Tainara Raiane da Silva, 21 anos. Ivaldete Coutinho de Oliveira Polesello, de 58 anos. Solange Aparecida Sobrinho, de 52 anos. Sabrina Soares da Silva, de 26 anos. Crisalda Conceição Sousa, de 32 anos. Ednamara da Silva Pereira, de 28 anos. Ana Maria dos Santos, de 63 anos. Leovani da Silva de Souza, de 43 anos. Elaine Rosa Araújo, de 25 anos. Rute Cardoso Pereira, de 27 anos. Ketlhyn Vitória de Souza, de 15 anos. Andressa Rodrigues de Oliveira, de 25 anos. Adriana Costa da Silva, de 33 anos. Janaina Carla Portela Santin, de 43 anos. Maria Aparecida Gonçalves da Silva, de 39 anos. Dalila Rodrigues do Nascimento, de 75 anos. Geovana Diogo da Silva, de 21 anos. Luzia da Silva Oliveira, de 68 anos. Maryelly Ferreira Campos, de 16 anos. Andreia Ferreira de Souza, de 31 anos. Ana Beatriz Cruz de Lima, de 23 anos. Edilaine Machado Dias, de 35 anos. Juceli Ribeiro Caju Boa Morte, de 30 anos. Dione Martins Vincensi, de 71 anos. 🚨Como pedir ajuda? Interface do aplicativo 'SOS Mulher MT' Reprodução O aplicativo 'SOS Mulher MT' é uma das alternativas criadas para ajudar vítimas de violência doméstica em Mato Grosso. O aplicativo conta com um botão do pânico, por meio dele a vítima pode fazer um pedido de socorro quando o agressor descumprir a medida protetiva. O Botão do Pânico virtual está disponível, por enquanto, nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres e Rondonópolis. Nos outros municípios do estado, a plataforma pode ser acessada para as outras funções, como direcionamento à medida protetiva online, telefones de emergência, endereços das Delegacias da Mulher, Plantão 24h, denúncias sobre violência doméstica e também acesso à Delegacia Virtual para registro de ocorrências. Mapa da Segurança Pública aponta MT com a maior taxa de feminicídios do Brasil
