
Polícia Civil apura causa da morte de turista após tirolesa em São Tomé das Letras A morte da turista Ana Paula de Jesus Oliveira, em São Tomé das Letras (MG), segue cercada de questionamentos. O caso ocorreu no domingo (28) após um passeio de tirolesa em um dia marcado por alerta de tempestade com raios. 📲 Siga a página do g1 Sul de Minas no Instagram A Polícia Civil informou que um procedimento deve apurar as circunstâncias da morte e avaliar se houve negligência. Veja, abaixo, o que já se sabe e o que será investigado. Onde e quando ocorreu Condições climáticas Quem era a turista Segurança questionada Registros oficiais A atividade de tirolesa O que ainda precisa ser esclarecido VÍDEO mostra passeio de tirolesa antes de turista passar mal e morrer em São Tomé das Letras, MG Reprodução / Arquivo pessoal 1. Onde e quando ocorreu O caso aconteceu por volta das 16h45 de domingo (28), em um ponto turístico elevado de São Tomé das Letras, próximo ao ponto conhecido como Pirâmide. Segundo o boletim da Defesa Civil Estadual, uma tempestade com descargas elétricas atingia o município quando um raio alcançou um ponto elevado da cidade e acabou atingindo indiretamente duas pessoas que estavam na área. Os dois foram socorridos em um carro particular e levados para o hospital. De acordo com boletim de ocorrência registrado na Polícia Militar, Ana Paula passou mal após a descarga e teria sofrido uma parada cardiorrespiratória; ela chegou a ser atendida por médicos na Unidade Mista de Saúde do município, mas não resistiu. Ana Paula de Jesus Oliveira, de 30 anos, era natural de Betim (MG) e morreu em São Tomé das Letras (MG) Funerária Redentor Ainda conforme o BO, um homem que também foi atingido, funcionário da tirolesa, foi socorrido e encaminhado em estado estável para um hospital em Três Corações (MG). No entanto, há divergências entre o relato da empresa, que diz não ser possível precisar o ponto de incidência do raio, e o relato do marido, que afirma que o raio atingiu a base superior da tirolesa. A investigação deve esclarecer o trajeto da descarga elétrica. 2. Condições climáticas Tirolesa Pôr do Sol fica localizada em São Tomé das Letras (MG) Graziele Raposo / EPTV Conforme o boletim da Defesa Civil Estadual, a chuva estava iniciando no momento do ocorrido. Além disso, havia alerta meteorológico para o dia, com previsão de tempestades, raios, ventos fortes e possibilidade de granizo. Segundo um levantamento feito pela Climatempo, a pedido da EPTV, São Tomé das Letras registrou no domingo: 149 raios; 48 descargas que atingiram o solo. A cidade exige cuidados redobrados em dias de instabilidade climática por causa das características geográficas. Isso porque a combinação entre altitude e solo rochoso pode aumentar os riscos durante tempestades com raios. Leia mais. 3. Quem era a turista Ana Paula de Jesus Oliveira era casada há seis anos com Helbert Daniel Reprodução / Arquivo pessoal Ana Paula de Jesus Oliveira tinha 30 anos e era casada há seis anos com Helbert Daniel, com quem trabalhava no comércio da família, um restaurante e um mercadinho em Betim, cidade que fica na Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG). Segundo o marido, ela era seu “braço direito”. Conforme boletim da Defesa Civil Estadual, Ana Paula teria sofrido uma parada cardiorrespiratória, atribuída inicialmente à descarga elétrica indireta. Médicos tentaram reanimá-la, mas ela não resistiu. O corpo da vítima foi levado diretamente para a funerária e sepultado na tarde de segunda-feira (29), no Cemitério Parque Retiro da Saudade, na Citrolândia, em Betim. 4. Segurança questionada Em vídeo enviado à EPTV, Helbert Daniel questiona pontos da segurança da atração, afirma que o raio caiu na base superior da tirolesa e a descarga teria se propagado até o ponto de chegada. Ele também acredita que o piso de pedra e a proximidade da chuva podem ter contribuído para a tragédia. Segundo o marido dela, possivelmente a tragédia poderia ter sido evitada com medidas adicionais de segurança e com a interrupção preventiva da atividade. (assista abaixo) Marido questiona segurança após morte de turista em tirolesa em São Tomé das Letras, MG 5. Registros oficiais O boletim da Polícia Militar foi registrado apenas na manhã de segunda-feira (29), após o coordenador da Defesa Civil Municipal procurar o quartel para comunicar o caso. No registro, a ocorrência foi classificada como solicitação à Defesa Civil em razão de relâmpago com vítima fatal. Embora a empresa afirme que o tempo estava aberto no momento da descida, a Defesa Civil Municipal confirma que havia alerta oficial para tempestades naquele dia. A apuração deve verificar se os protocolos previam interrupção da atividade e se a proximidade da chuva foi considerada. Inicialmente, a Polícia Civil informou que não havia sido acionada, mas, em contato com a EPTV nesta terça-feira (30), o delegado regional Luciano Teobaldo afirmou que um procedimento investigativo será instaurado para apurar as causas da morte e verificar se houve negligência por parte da empresa responsável pela atividade turística. Caso sejam identificados elementos, um inquérito será aberto. 6. A atividade de tirolesa Placa reúne informações sobre a tirolesa em São Tomé das Letras, MG Graziele Raposo / EPTV A tirolesa tem 580 metros de extensão, altura máxima de 95 metros, velocidade média de 60 km/h, com tempo de descida de cerca de 1 minuto. A atividade custa R$ 90, valor que inclui o translado de retorno. Entre as regras de uso estão: proibição para gestantes, hipertensos, pessoas com problemas cardíacos ou de coluna; paralisação da atividade em caso de chuva, ventos fortes, raios ou trovoadas; exigência de termo de responsabilidade; uso obrigatório de equipamentos de segurança; peso máximo permitido de 130 quilos. Após o caso, em nota publicada nas redes sociais, a Tirolesa Pôr do Sol afirmou que o raio foi percebido em vários pontos da cidade e que a atividade já havia sido concluída. Disse também que não houve falha técnica nem acidente durante a descida, que a estrutura e os equipamentos estão dentro das normas de segurança e reforçou que está à disposição das autoridades. Imagens de drone, divulgadas pela família e citadas pela empresa, mostram a turista chegando ao ponto final e acenando para a câmera. Um dos pontos levantados pela família é se o piso de pedra no local de chegada pode ter contribuído para a condução da corrente elétrica. (assista o vídeo abaixo) Vídeo mostra passeio de tirolesa antes de turista passar mal em São Tomé das Letras A empresa informou, em nota, que "mesmo não havendo indícios de que o ocorrido tenha atingido a estrutura da tirolesa ou comprometido seus equipamentos", optaram, por decisão própria, por aguardar a perícia e a vistoria dos órgãos competentes antes de retomar as atividades. "Reforçamos que não retomaremos as atividades até que haja um laudo técnico oficial confirmando que está tudo em perfeitas condições, ainda que nossos protocolos e estruturas já sigam rigorosamente todos os padrões de segurança", disse o comunicado. 7. O que ainda precisa ser esclarecido O ponto exato de incidência do raio e como a descarga elétrica se propagou até as vítimas; Se Ana Paula ainda estava ou não conectada aos equipamentos no momento em que foi atingida; Se os protocolos de segurança climática foram corretamente adotados diante do alerta meteorológico emitido para o dia; Se a estrutura do local oferecia condições adequadas de proteção; Se houve falha humana, omissão ou negligência por parte da empresa responsável pela atração. Veja mais notícias da região no g1 Sul de Minas
