Brasileiro é atraído para trabalhar como motorista e acaba obrigado a servir Exército na Rússia, diz família

Published 2 hours ago
Source: g1.globo.com
Brasileiro é atraído para trabalhar como motorista e acaba obrigado a servir Exército na Rússia, diz família

Brasileiro é atraído para trabalhar como motorista e acaba obrigado a servir Exército na Rússia, diz família. Arquivo A família do brasileiro Marcelo Alexandre da Silva Pereira, de 29 anos, afirma que ele foi atraído por uma proposta para trabalhar como motorista na Rússia, mas ao chegar ao país foi obrigado a servir no Exército russo. Agora, os parentes buscam apoio do governo para trazê-lo de volta a Roraima, onde ele vivia com a mulher grávida e os três filhos pequenos. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), informou que a Embaixada do Brasil em Moscou tem conhecimento do caso e "presta a assistência consular cabível ao cidadão brasileiro." A mulher de Marcelo, Gisele Pereira, de 24 anos, suspeita que ele tenha sido vítima de tráfico humano porque ele saiu de Boa Vista com uma proposta de trabalho, mas a situação mudou ao chegar à Rússia. Ao perceber que na verdade teria de atuar no serviço militar, ele pediu ajuda para retornar ao Brasil. "Ele falou assim: 'amor, tô com saudade. Tenta acionar o consulado daqui, pois não tô conseguindo entrar em acordo com o pessoal, pois eles não me entendem e eu nem entendo eles. Já pedi para o subcomandante me tirar daqui e expliquei que vim por uma falsa promessa de emprego civil. Mas eles não tão me dando ouvido'", explicou Gisele. 🔍 A Rússia está em guerra contra a Ucrânia desde fevereiro de 2022, quando o presidente russo Vladimir Putin autorizou uma ofensiva militar contra o território ucraniano. Desde então, a guerra provocou milhares de mortes, milhões de refugiados e intensos combates, especialmente no leste e sul do país. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 RR no WhatsApp Em novembro, a embaixada do Brasil em Moscou publicou um alerta contra o alistamento voluntário de brasileiros em forças armadas estrangeiras, devido ao aumento do número de brasileiros mortos ou que tiveram dificuldade para interromper a participação no Exército. Marcelo chegou na Rússia por Moscou no dia 3 de dezembro. No dia 9, disse ter sido obrigado a assinar o contrato com o Ministério da Defesa da Rússia. Segundo a família, ele não tem experiência militar, não fala russo, inglês e outra língua estrangeira. Amigo brasileiro fez proposta Gisele afirmou que a proposta para que Marcelo fosse à Rússia partiu de um amigo brasileiro que também mora em Boa Vista. Em seguida, o passaporte de Marcelo foi emitido com a ajuda de um homem ligado a uma empresa com número de São Paulo. Essa empresa se apresenta nas redes sociais como assessoria para ingresso no Exército russo. Marcelo recebeu o passaporte no dia 28 de novembro. No mesmo dia, a passagem foi comprada pela empresa de assessoria. No dia 30, embarcou com destino final a Moscou. "O amigo fez uma proposta de emprego, mas nada relacionado a serviço militar", afirmou Gisele. A mulher acredita que o amigo recebe algum valor para atrair pessoas para este serviço. "Ele convence qualquer pessoa que acha viável, porque ganha dinheiro em cima disso. Acho que recebe por cada pessoa que leva", destacou. Como Marcelo e Gisele não são casados no papel, a documentação dele foi enviada ao Itamaraty com os dados da mãe, Alessandra da Silva, de 47 anos. Ela disse que só soube que o filho faria a viagem quando ele já estava em São Paulo, em uma conexão com Moscou. "Ele estava muito perturbado aqui. Desempregado, devendo coisas, sendo cobrado por pensão. Aí apareceu esse conhecido, que eu nem sei quem é direito, inventando esse emprego, dizendo que ele ia ganhar bem e que em 20 dias mandaria dinheiro para a esposa", disse a mãe. O último contato que eles tiveram foi no dia 5 de dezembro. Contrato em russo No contrato em russo que Marcelo assinou sem compreender, mas do qual conseguiu tirar fotos e enviar à companheira, consta que ele deve atuar como atirador, utilizando um fuzil AK-74. A família afirma que não sabe quanto ele ganharia, Gisele nunca recebeu nenhum valor e que o cartão bancário de Marcelo ficou com a empresa que ajudou ele com o passaporte. Atualmente, a família acredita que Marcelo esteja em uma cidade chamada Luhansk, na Ucrânia, onde passa por treinamento militar. Ele chegou a procurar o consulado do Brasil na Rússia, mas foi informado que "esses casos acontecem" e ele "não é o primeiro". Gisele afirma que tem conseguido falar com o marido esporadicamente via Telegram. Nesses contatos, ele sempre reforça que quer voltar para casa. "A gente não conversa todos os dias. Não sei se ele está bem, não sei se está se alimentando. Hoje, graças a Deus, ele deu um sinal de vida e disse que a situação não está boa, que não quer mais estar lá e quer voltar para casa. Ele disse que estão impedindo ele de sair", disse Gisele. Gisele procurou o Ministério das Relações Exteriores pela primeira vez no sábado (27). Nessa terça-feira (30), recebeu uma resposta de que seria enviado um pedido de extradição, para que Marcelo retorne ao Brasil. "O meu foco é apenas tirar ele de lá. Não quero brigar com ninguém, não quero brigar com esse pessoal, não quero brigar com ninguém. O que eu quero é que o Brasil me ajude, que as autoridades competentes intervenham em casos como esse envolvendo brasileiros, porque, como a moça me disse, não foi o primeiro caso". Entenda mais sobre a guerra entre a Rússia e Ucrânia: A guerra na Ucrânia e o futuro de Zelensky *Colaboraram Alessandro Leitão e Efraim Silva Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.

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