
Melancia tem compostos que fazem bem para a saúde. Rens D/ Unsplash A Câmara Municipal de Rio Claro (SP) acabou com uma proibição curiosa e centenária da cidade, a venda de melancia. A restrição estava prevista em uma resolução de 30 de novembro de 1894, agora oficialmente revogada. Leia também: Lei que proíbe comer melancia em cidade do interior de SP completa 130 anos; entenda o motivo A lei foi aprovada e promulgada em setembro deste ano pelo prefeito Gustavo Ramos Perissinotto (PSD), que revogou normas municipais que contrariavam as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a regulamentação de alimentos. 📱 Siga o g1 São Carlos e Araraquara no Instagram A melancia, uma das frutas mais consumidas pelos brasileiros, teve a comercialização proibida no município por 130 anos por estar associada a transmissão da febre amarela. (Leia abaixo) A norma histórica consta no livro do tombo número 1, o primeiro registro oficial da cidade, preservado no Arquivo Público e Histórico do município. Apesar de ainda constar na legislação até a aprovação da nova lei, a proibição era desconhecida pela maioria dos moradores e, na prática, nunca foi cumprida. A fruta sempre foi vendida normalmente em feiras livres, mercados e estabelecimentos comerciais da cidade. Lei que proibia venda de melancia em Rio Claro completa 130 anos Mais notícias da região: VIRADA: Réveillon 2026: veja festas e shows para comemorar o Ano Novo no interior de SP AFOGAMENTOS: relembre 10 mortes trágicas na região em 2025, e veja orientações para evitar BOMBOU NO g1: Melhor cidade para se viver no Brasil se destaca por escolas, hospitais e coxinhas Da fruta nutritiva à vilã da saúde pública A melancia tem origem nas regiões tropicais da África equatorial é rica em vitaminas C e A, além de ser fonte de cálcio, fósforo, magnésio, potássio e ter propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, anticancerígenas. Mas no século 19, a fruta foi considerada um perigo para a saúde da população de Rio Claro por ser relacionada como fonte de transmissão da febre amarela. Naquele período, diversas cidades do estado de São Paulo enfrentavam surtos de febre amarela, doença que chegou a dizimar a população. Na tentativa de entender as causas das mortes, higienistas passaram pelo município e, segundo registros históricos, o consumo de melancia pode ter sido apontado, de forma equivocada, como uma possível causa da transmissão da doença. Até Vital Brasil, um dos maiores médicos sanitaristas do país, esteve na cidade para pesquisar mais sobre a doença e, em 1892, assinou de próprio punho seis atestados de óbito por febre amarela. Rio Claro tem lei que proibe comer melancia Reprodução EPTV Nova lei Com a mudança, a venda de melancia em Rio Claro passa a estar oficialmente liberada, seguindo as normas federais de segurança alimentar. A lei entrou em vigor neste ano e também revoga todas as disposições em contrário. A nova lei determina a revogação de todas as normas e dispositivos municipais que contrariem as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável pela regulamentação de alimentos no país. O texto cita expressamente a resolução do século XIX, considerada ultrapassada e incompatível com a legislação sanitária atual. A medida atualiza a legislação municipal, elimina regras em desuso e encerra um capítulo curioso da história da cidade, que manteve por mais de um século uma proibição ignorada pela população. Leis mais eficientes 🍉 X 🦟 A ciência já comprovou que a melancia não tem qualquer relação com a transmissão da febre amarela, e sim, o mosquito Aedes aegypti, o que tornava a proibição uma lei inútil. Mas para a sorte da cidade, um ano antes da proibição, leis muito mais efetivas haviam sido aprovadas. Consta desta data dois artigos no código de posturas que, estes sim, devem ter ajudado no controle da doença: Art. 65 - determina que os moradores deveriam varrer a frente das casas todos os sábados, até às 8h. A multa para quem não cumprisse a determinação era de 5 mil réis. Art. 67 - proibia os moradores de jogarem lixo no chão, como cascas de frutas, pano e águas servidas (esgoto). REVEJA VÍDEOS DA EPTV CENTRAL: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara
