Estado de saúde de Bolsonaro é estável após novo procedimento cirúrgico para reverter soluços

Published 1 hour ago
Source: g1.globo.com
Estado de saúde de Bolsonaro é estável após novo procedimento cirúrgico para reverter soluços

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão Pablo Porciuncula/AFP A equipe médica do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira (29) que a situação do estado de saúde é estável após Bolsonaro passar por um segundo procedimento para tentar reverter o quadro de soluços persistentes, nesta tarde. O procedimento é chamado de "bloqueio do nervo frênico", e durou cerca de uma hora. Desta vez, a intervenção foi realizada no lado esquerdo. O ex-presidente já tinha passado pelo mesmo procedimento no último sábado (27) — ocasião em que os médicos fizeram a intervenção no nervo do lado direito. Durante coletiva de imprensa, a equipe médica também afirmou que o lado direito do nervo frênico sofreu nova intervenção para complementar o que havia sido feito no final de semana. "Como temos um espaço curto, nós optamos primeiro para fazer uma dose terapêutica mais baixa para não corremos riscos. Mas como a resposta não foi adequada, já estava no nosso planejamento fazer uma segunda etapa. tanto para complementar, se necessário a primeira, quanto para fazer a segunda, como foi feito hoje", afirmou o cardiologista Brasil Caiado. Todo o procedimento durou cerca de uma hora. Em seguida, o ex-presidente passou mais uma hora em observação dos médicos e então foi para o quarto. A saúde do ex-presidente ainda é delicada e, por isso, a equipe médica espera que ele passe o Ano Novo no hospital e saia apenas no dia 1º de janeiro. "Fez esse procedimento hoje, a gente precisa de pelo menos 48h para avaliação de resultados, complicações e etc. Então esse tempo será aguardado, independente de qualquer coisa", afirmou um dos médicos que acompanham o presidente, Cláudio Birolini. O procedimento é indicado para casos de soluços persistentes que não respondem a medicamentos. Segundo os médicos, não é recomendado realizar o bloqueio dos nervos dois lados simultaneamente, devido ao risco de complicações respiratórias. Por isso, a intervenção foi dividida em duas etapas. Bolsonaro está internado no hospital DF Star, no Distrito Federal, desde a última quarta. Ele deu entrada para realizar uma cirurgia de hérnia (entenda mais abaixo). Outros procedimentos O cirurgião-geral, Birolini, ainda afirmou que o ex-presidente passou por um exame de polissonografia na última noite para medir a presença de apneia do sono e buscar um tratamento. "O estudo mostrou que ele tem uma apneia de sono severa, teve praticamente 50 episódios de interrupção do sono por hora, inclusive com um padrão obstrutivo", afirmou. O médico ainda afirmou nos próximos dias Bolsonaro deve ficar com um equipamento para ver se melhora essa situação. Jair Bolsonaro foi submetido a um procedimento médico, neste sábado Crise intensa O cardiologista Brasil Caiado afirmou, em coletiva no sábado (27), que a decisão pelo procedimento de bloqueio do nervo frênico foi tomada após uma crise intensa de soluços na sexta, que impediu o ex-presidente de dormir adequadamente, apesar do uso máximo das medicações disponíveis. O radiologista intervencionista Mateus Saldanha informou que o procedimento foi realizado com sucesso e durou cerca de uma hora. A expectativa é avaliar a resposta clínica antes de avançar para outras alternativas terapêuticas. De acordo com o cirurgião Cláudio Birolini, a previsão de internação é de cinco a sete dias. Após o procedimento desta segunda, Bolsonaro deverá permanecer em observação por pelo menos mais 48 horas. Se não houver intercorrências, a alta hospitalar poderá ser concedida na sequência. O ex-presidente seguirá com fisioterapia para reabilitação, medidas de prevenção de trombose venosa e cuidados clínicos gerais. O que o bloqueio do nervo frênico? O bloqueio do nervo frênico é uma cirurgia que interrompe temporariamente os sinais do nervo que controla o diafragma, ajudando a tratar soluços persistentes. Ele é feito com anestesia local, por meio da aplicação de um medicamento próximo ao nervo, geralmente guiada por ultrassom. É indicado apenas quando os soluços não respondem a tratamentos comuns e causam impacto clínico relevante, como é o caso do ex-presidente. Segundo a avaliação médica, o bloqueio do nervo frênico era uma medida tecnicamente adequada considerando o quadro de Bolsonaro. De acordo com Pedro Bertevello, cirurgião do aparelho digestivo da Beneficência Portuguesa, não há relação direta entre a hérnia inguinal, retirada nesta semana, e o soluço. "O soluço surge quando o estômago não esvazia bem ou quando há irritação do diafragma", explica. No caso específico do ex-presidente, o médico afirma que o quadro pode estar associado a refluxo gastroesofágico e à presença de hérnia de hiato – uma condição diferente, em que parte do estômago sobe para o tórax, irritando o esôfago e estruturas próximas ao diafragma. Por fim, o cirurgião ressalta que hérnia inguinal e hérnia de hiato não têm relação entre si: ambas envolvem deslocamento de tecidos, mas ocorrem em regiões distintas do corpo e têm causas e consequências diferentes. O que é a hérnia inguinal A hérnia inguinal – também chamada de hérnia na virilha – ocorre quando tecidos do interior do abdômen, geralmente uma alça do intestino, escapam por um ponto enfraquecido da parede abdominal e formam um abaulamento na região. Quando esse deslocamento acontece dos dois lados da virilha, a condição recebe o nome de hérnia inguinal bilateral. Ela pode causar inchaço, dor ou desconforto, sobretudo ao fazer esforço, tossir ou permanecer muito tempo em pé, embora em alguns casos seja assintomática. De acordo com os peritos que analisaram o caso, não há indicação, nos relatórios médicos, de cirurgia em caráter de urgência ou emergência. “O que, exatamente, é uma hérnia? É um defeito na parede abdominal”, explica Pedro Bertevello. Segundo ele, essa fragilidade pode existir desde o nascimento, em pessoas que já têm uma predisposição anatômica, ou surgir ao longo da vida, especialmente após cirurgias abdominais —sobretudo aquelas feitas em caráter de urgência. Para entender o processo, é preciso imaginar a parede abdominal como uma estrutura em camadas. Primeiro vem a pele, depois a gordura, a musculatura e, logo abaixo, uma membrana resistente chamada aponeurose, que funciona como uma espécie de “armadura” para conter as vísceras. Atrás dessa estrutura está o peritônio, uma película fina e lubrificada que reveste o interior do abdômen e permite que o intestino se movimente livremente. Esse movimento constante é essencial para a digestão e ocorre mesmo em ações simples do cotidiano, como caminhar, respirar ou mudar de posição. O problema começa quando essas camadas são rompidas, seja por cirurgias anteriores, seja por traumas. A cicatrização interna pode gerar aderências, que fazem com que alças do intestino se “colem” entre si ou à parede abdominal. Com o tempo, isso enfraquece a aponeurose e cria brechas por onde o intestino pode se projetar. Em alguns casos, a alça intestinal entra nesse espaço e não consegue retornar à cavidade abdominal —situação chamada de encarceramento. Na hérnia inguinal, essa projeção ocorre na região da virilha e pode, em situações mais avançadas, descer em direção ao escroto. Hernia inguinal Arte/g1

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