Professor aposentado, artesão e fotógrafo: o que faz um Papai Noel por trás das fantasias?

Published 2 hours ago
Source: g1.globo.com
Professor aposentado, artesão e fotógrafo: o que faz um Papai Noel por trás das fantasias?

Professor aposentado, artesão e fotógrafo: o que faz um Papai Noel por trás das fantasias? Por trás da barba branca, do gorro vermelho e do tradicional "ho, ho, ho" do Papai Noel, normalmente está uma pessoa que ama o espírito natalino e fazer a alegria das crianças. Para José Luiz Pinheiro da Silva, conhecido como Tio Zé, não é diferente. Com 79 anos, o professor aposentado, artesão autodidata e fotógrafo premiado vive em Presidente Prudente (SP) há décadas e, desde 2023, interpreta o Papai Noel em eventos natalinos da cidade. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp Apesar de hoje ser conhecido como o Bom Velhinho, José Luiz afirma que a relação com personagens lúdicos começou muito antes. Durante mais de 40 anos como professor de educação física, especialmente no Sesi, ele já interpretou figuras como padre em festas juninas, personagens do folclore brasileiro e, naturalmente, o Papai Noel para os alunos. Professor aposentado, artesão e fotógrafo: o que o Papai Noel faz durante todo o ano? Arquivo pessoal A 'gaveta' da infância Natural de Mococa (SP), José Luiz mudou-se para Prudente com os pais e, por ser filho único e sem parentes próximos na cidade, sentia que algo faltava em suas memórias de infância. Foi no contato com os alunos, já no magistério, que ele encontrou a cura para esse buraco. "Se analisarmos como um armário, eu tenho várias 'gavetas' recheadas de momentos vividos, mas sempre existiu uma 'gaveta' em especial que nunca foi preenchida: a infância com outros iguais. Quando entrei no magistério, descobri que aquela 'gaveta' podia ser preenchida com meus alunos e amigos. Sempre fui um amigo antes de professor", revelou. Transformação Antes de ostentar a barba branca natural, José Luiz foi um autêntico contemporâneo do movimento hippie. "Fui contemporâneo na sua mais pura essência. Deles pude tirar o melhor da filosofia paz e amor, viver e deixar viver", relatou José. Essa autenticidade o acompanhou quando entrou no Sesi, com cabelos e barba longos, estilo que manteve ao longo da vida e que, anos depois, facilitou a transição para o personagem natalino. Após a aposentadoria, o convite para ser o Bom Velhinho em um shopping da cidade veio de forma inesperada no calçadão. Ele aceitou o desafio prontamente, unindo a vitalidade de quem já foi skatista e patinador de gelo com a experiência dos seus 79 anos. O artesão e a lente Quando tira o veludo vermelho, Tio Zé mergulha em um universo de criação em sua casa. Ele se define como um artesão "raiz", autodidata em técnicas que vão da tecelagem em teares chilenos e japoneses à fundição de vidros e trabalhos com metais como a alpaca. Além das mãos que moldam joias, há o olhar que captura o mundo. Fotógrafo apaixonado, José Luiz já percorreu o caminho do analógico ao digital, revelando as próprias fotos em um laboratório caseiro montado em um banheiro. Seus desenhos em grafite, baseados em suas fotografias, chegaram a render até prêmios. "Esses desenhos me renderam dois prêmios em bienais da Faculdade Unoeste, prêmios aquisição. Os trabalhos estão expostos no hall de entrada do Teatro César Cava (creio que ainda, são dois nus masculinos)", brincou. Lições e despedidas No trono de Papai Noel, ele aproveita a autoridade do personagem para educar. José Luiz contou que costuma dizer às crianças que "eletrônicos e patinetes elétricos não têm mais", incentivando o brincar clássico: correr, saltar e subir em árvores. Mas o papel também impõe desafios emocionais. Entre pedidos divertidos de adultos, ele guarda memórias de momentos em que a fantasia precisou dar lugar ao acolhimento silencioso, como o dia em que abraçou uma menina que teve a perna amputada. "Meu coração gelou. Não havia o que dizer. Abracei a menina longamente, dei um beijo na face dela e disse: 'Papai Noel te ama'. Ela tinha um sorriso no rosto, mas apagado", relembrou. Este Natal de 2025 marca o encerramento de um ciclo. Após três anos seguidos de dedicação, o professor prepara-se para guardar as botas, devido à artrose e trabalhos exaustivos. Mas o seu espírito transformador continua. "Eu me sinto poderoso, eu me visto e me doo de corpo e alma. Gostaria que os papais levassem seus pequenos para ver o Papai Noel Zé. Eu encerro nesse fim de ano uma jornada alegrando adultos e crianças", finalizou. O que faz o Papai Noel fora da fantasia? Parque Shopping Prudente/Divulgação Professor aposentado, artesão e fotógrafo: o que o Papai Noel faz durante todo o ano? Arquivo pessoal Professor aposentado, artesão e fotógrafo: o que o Papai Noel faz durante todo o ano? Arquivo pessoal *Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

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