A República das Havaianas

Published 2 hours ago
Source: feeds.folha.uol.com.br
Domingo, 21, não li notícias. Fez um dia lindo no Rio, perfeito para celebrar a chegada do verão e o meu aniversário. Pois é, estou ficando velha -para delírio de quem acha que "velha" é xingamento. Mas, como sou uma véia contemporânea, depois da praia emendei no show do João Gomes. Saí de lá com aquela sensação gostosa de que "a vida presta". Foi o que escrevi num post para agradecer amigos e leitores que passaram por lá para me desejar felicidades. Nem imaginei o perigo que corria ao recorrer à frase dita por Fernanda Torres no premiado "Ainda Estou Aqui", aquele mesmo que "incomodou" a direita por mostrar o óbvio: sequestro, morte, tortura na ditadura.

Voltei para a realidade como quem pisa num lego. Saí de casa de Havaianas -hábito adquirido na cidade onde chinelo é bem-vindo do supermercado ao restaurante- sem imaginar que cometia um ato político. Da padaria ao salão, fui interpelada com a mesma pergunta: o que eu tinha achado da propaganda. De repente, o calçado mais democrático, ops, virou símbolo de resistência. Uma piadinha bagaceira de fim de ano ganhou ares de mensagem cifrada e a publicidade passou a ser lida como se estivéssemos de volta aos tempos de repressão, quando frases precisavam ser decodificadas para escapar da censura. Leia mais (12/23/2025 - 20h15)