INFOGRÁFICO mostra quais foram os navios petroleiros alvo de interceptações pelos EUA perto da Venezuela

Published 3 hours ago
Source: g1.globo.com
INFOGRÁFICO mostra quais foram os navios petroleiros alvo de interceptações pelos EUA perto da Venezuela

EUA interceptam terceiro navio petroleiro perto da Venezuela, dizem agências Ao menos três navios petroleiros de grande porte teriam sido alvo de tentativas de interceptação após o anúncio de um bloqueio naval feito pelos Estados Unidos contra a Venezuela no início deste mês de dezembro. O petroleiro Bella 1 conseguiu evitar a abordagem das autoridades norte-americanas no fim de semana, mas outros dois navios tiveram apreensões bem-sucedidas(LEIA MAIS ABAIXO). ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A medida foi apresentada pelo governo do presidente Donald Trump como parte da estratégia para ampliar a pressão econômica e política sobre o regime de Nicolás Maduro. Todos os navios interceptados são petroleiros usados no transporte de petróleo cru, com capacidade superior a 300 mil toneladas, segundo dados de rastreamento marítimo e informações oficiais do governo dos EUA apuradas pelo g1. Ao todo, as interceptações foram informadas entre os dias 10 e 21 de dezembro e envolveram embarcações registradas sob bandeiras da Guiana e do Panamá (VEJA O INFOGRÁFICO ABAIXO). 📌 Contexto: No setor marítimo, a bandeira indica o país de registro do navio, o que não significa, necessariamente, o local de origem da carga ou da empresa responsável. A autoridade marítima da Guiana, contudo, afirmou que uma das embarcações usava a bandeira do país de forma irregular e não estava registrada oficialmente. Já a Casa Branca declarou que outra embarcação operava com bandeira falsificada como parte da chamada “frota fantasma” venezuelana. Veja quais foram os navios interceptados. Arte/g1 - Bruna Azevedo Entre os navios interceptados está o Skipper, um petroleiro de grandes proporções, com quase 333 metros de comprimento, dimensão equivalente a mais de três campos de futebol colocados em sequência. A embarcação tem capacidade máxima de cerca de 310 mil toneladas de petróleo cru e teve a interceptação informada no dia 10 de dezembro, após ser apreendida pelos Estados Unidos perto da Venezuela. Embora o navio aparecesse em sistemas de rastreamento navegando sob bandeira da Guiana, a autoridade marítima guianense afirmou que o petroleiro usava o registro do país de forma irregular. Em nota, o órgão disse ter identificado uma “tendência inaceitável” de uso não autorizado da bandeira da Guiana por embarcações que não são registradas oficialmente no país. Outro petroleiro interceptado foi o Centuries, navio que aparecia navegando sob bandeira do Panamá. A interceptação foi informada no dia 20 de dezembro, durante a madrugada do último sábado, em uma operação conduzida pelos Estados Unidos perto da Venezuela. Segundo a Casa Branca, o Centuries é um “navio com bandeira falsificada” que operava como parte da chamada frota fantasma venezuelana, usada para transportar petróleo considerado irregular pelas autoridades americanas. Um helicóptero militar dos Estados Unidos sobrevoa o Centuries, navio com bandeira do Panamá interceptado pela Guarda Costeira dos EUA, no mar do Caribe. DHS/Divulgação via REUTERS Já no último domingo (21), autoridades informaram a interceptação do Bella 1, mas as informações divulgadas ao longo do dia apresentaram versões divergentes. A agência de notícias Bloomberg informou que os Estados Unidos teriam abordado o petroleiro, identificado pela agência como um navio com bandeira do Panamá. Por outro lado, autoridades ouvidas pela Reuters afirmaram que, apesar de os EUA estarem perseguindo um petroleiro em águas internacionais no Caribe, a embarcação ainda não havia sido abordada naquele momento. Na última segunda, foi confirmado que o petroleiro escapou do cerco americano no Caribe. Dados do site MarineTraffic indicavam que o Bella 1 navegava sob bandeira da Guiana e tinha como destino Curaçao, uma ilha holandesa no Caribe. O navio tem cerca de 333 metros de comprimento, 60 metros de largura e capacidade superior a 318 mil toneladas de petróleo cru. Qual é o impacto das interceptações? Dados de rastreamento já indicam um impacto direto das interceptações sobre a exportação de petróleo da Venezuela. Após o aumento das ações de fiscalização no Caribe, o tráfego de navios petroleiros em águas venezuelanas diminuiu de forma acentuada, segundo mostram dados de empresas especializadas em monitoramento marítimo e inteligência do mercado de energia. Levantamentos da Kpler, uma plataforma de dados de rastreamento de navios, cargas e fluxos globais de petróleo, indicam que parte significativa dos petroleiros passou inclusive a permanecer parada ou a evitar rotas associadas à Venezuela. A empresa estima que mais de 16 milhões de barris estejam armazenados em petroleiros parados em águas venezuelanas ou próximas do país, incluindo dezenas de navios já carregados e outros em espera para carregamento. Imagem de satélite mostra o superpetroleiro Skipper em águas próximas a Porto José, na Venezuela, em 14 de novembro de 2025. A embarcação teria sido apreendida em 10 de dezembro. Planet Labs PBC/Divulgação via Reuters. Fora isso, o ritmo de carregamentos caiu de forma relevante nas últimas semanas, com volumes inferiores aos observados nos meses anteriores. A redução estimada é de cerca de um quarto em relação ao patamar recente de exportações. Informações compiladas pela agência Reuters, com base em dados de rastreamento da plataforma Refinitiv Eikon, também indicam que o movimento de navios entrando e saindo de águas venezuelanas quase parou após as primeiras interceptações. Segundo a agência, apenas embarcações operando sob licenças específicas concedidas pelo governo dos Estados Unidos continuaram a exportar petróleo do país. Por que os navios estão sendo apreendidos? Governo Trump mostra ação que apreendeu segundo petroleiro vindo da Venezuela A Venezuela concentra a maior reserva comprovada de petróleo do planeta, com capacidade de aproximadamente 303 bilhões de barris — ou 17% do volume conhecido —, segundo a Energy Information Administration (EIA), órgão oficial de estatísticas energéticas dos EUA. Esse volume coloca o país à frente de gigantes como Arábia Saudita (267 bilhões) e Irã (209 bilhões), com ampla margem. Grande parte do petróleo venezuelano, porém, é extra-pesado, o que exige tecnologia sofisticada e investimentos elevados para extração. 🔎 Na prática, o potencial é enorme, mas segue subaproveitado devido à infraestrutura precária e às sanções internacionais que limitam operações e acesso a capital. Há um claro interesse dos EUA. Segundo a EIA, o petróleo pesado da Venezuela "é bem adequado às refinarias norte-americanas, especialmente às localizadas ao longo da Costa do Golfo". Nesse contexto, o republicano atinge dois objetivos simultaneamente: ao buscar favorecer a economia dos EUA, também pressiona a produção e as exportações de petróleo da Venezuela — setor central para a economia do país e para a sustentação do governo de Nicolás Maduro. Os efeitos iniciais já começaram a aparecer nesta semana. Reportagem da Bloomberg News indicou que Caracas enfrenta falta de capacidade para armazenar petróleo, em meio a medidas de Washington para impedir que embarcações atraquem ou deixem portos venezuelanos. Desde que os Estados Unidos impuseram sanções ao setor de energia da Venezuela, em 2019, comerciantes e refinarias que compram petróleo venezuelano passaram a recorrer a uma “frota fantasma” de navios-tanque, que ocultam sua localização, e a embarcações sancionadas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia. A China é a maior compradora do petróleo bruto venezuelano, que responde por cerca de 4% de suas importações. Em dezembro, os embarques devem alcançar uma média de mais de 600 mil barris por dia, segundo analistas consultados pela Reuters. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Por enquanto, o mercado de petróleo está bem abastecido, e há milhões de barris em navios-tanque ao largo da costa da China aguardando para serem descarregados. Se o embargo permanecer em vigor por algum tempo, a perda de quase um milhão de barris por dia na oferta de petróleo bruto tende a pressionar os preços do petróleo para cima. O ataque a petroleiros ocorre enquanto Trump ordenou ao Departamento de Defesa que realizasse uma série de ataques contra embarcações no Caribe e no Oceano Pacífico que sua administração alega estarem contrabandeando fentanil e outras drogas ilegais para os Estados Unidos e além. Pelo menos 104 pessoas foram mortas em 28 ataques conhecidos desde o início de setembro. A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, disse em uma entrevista à Vanity Fair publicada esta semana que Trump "quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar 'tio'." Trump e Maduro AP Photo/Evan Vucci; Reuters/Leonardo Fernandez

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