Segundo petroleiro apreendido pelos EUA perto da Venezuela ia para a China, diz agência

Published 3 hours ago
Source: g1.globo.com
Segundo petroleiro apreendido pelos EUA perto da Venezuela ia para a China, diz agência

Governo Trump mostra ação que apreendeu segundo petroleiro vindo da Venezuela O navio petroleiro apreendido pelos Estados Unidos no sábado (20) perto da costa da Venezuela tinha como destino a China, segundo a agência de notícias Reuters. ✅ Siga o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp A embarcação é a segunda a ser apreendida pelos EUA desde o início da campanha de pressão do governo Trump contra o regime Maduro, que inclui uma ampla mobilização militar no mar do Caribe, sobrevoos de jatos e bombardeios a embarcações. A primeira apreensão ocorreu no dia 10 de dezembro e adicionou um novo capítulo à escalada de tensões entre os dois países. (Leia mais abaixo) LEIA TAMBÉM: EUA interceptam terceiro navio próximo da Venezuela O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou na terça-feira (16) um bloqueio total de petroleiros sancionados saindo da Venezuela e disse que o país está totalmente cercado militarmente. O anúncio foi interpretado por analistas como uma elevação do tom das ameaças americanas. Em resposta, o regime Maduro chamou a fala de Trump de uma "ameaça grotesca" e "absolutamente irracional". O navio apreendido no sábado chama VLCC Centuries e carregava cerca de 1,8 milhão de barris de petróleo cru venezuelano Merey com destino à China, segundo documentos internos da petroleira estatal PDVSA, vendedora do petróleo. A embarcação estava sob bandeira do Panamá e utilizava o nome falso "Crag". Segundo a Reuters, o Centuries integrava a "frota fantasma" venezuelana: um conjunto de petroleiros que, por meio de diferentes artifícios —como bandeiras estrangeiras ou nomes falsos—, tentam ocultar que estão transportando petróleo venezuelano para evitar sanções internacionais. Outros países sancionados também utilizam a tática, como a Rússia e o Irã. Segundo dados da organização Transparência Venezuela, 40% das embarcações que transportam petróleo bruto venezuelano operam em situação irregular. O Centuries deixou as águas venezuelanas na quarta-feira após ser brevemente escoltado pela marinha venezuelana, segundo fontes da Reuters na PDVSA e imagens de satélite obtidas pelo TankerTrackers.com. Depois, ela foi apreendida em águas internacionais a oeste da ilha de Barbados. Segundo os documentos vistos pela Reuters, o petróleo foi comprado pela Satau Tijana Oil Trading, uma das muitas intermediárias envolvidas nas vendas da PDVSA para refinarias independentes chinesas. Autoridades dos EUA alegaram a apreensão de petróleo sob sanções internacionais para a apreensão do Centuries. O advogado e ex-investigador da OFAC (Agência de Controle de Ativos Estrangeiros do governo dos EUA) Jeremy Paner disse à Reuters que a embarcação, em si, não havia sido sancionada pelos EUA, o que "representa um novo aumento na pressão de Trump sobre a Venezuela" e representa uma contradição do bloqueio imposto por Trump. O petróleo venezuelano, no entanto, está sancionado. Em desafio ao anúncio do bloqueio de Trump, o governo Maduro afirmou na quarta-feira que a exportação do petróleo e a navegação de navios petroleiros continuam normais, e que as embarcações passariam a ter escolta da Marinha venezuelana. Fontes da Reuters afirmaram que o regime Maduro autorizou na quinta-feira a saída de dois petroleiros em direção à China, e que cada um estaria carregando cerca de 1,9 milhão de barris de petróleo cru. Apreensão de 2º navio petroleiro Trump e Maduro AP Photo/Evan Vucci; Reuters/Leonardo Fernandez A apreensão da embarcação por forças dos Estados Unidos aconteceu no fim da madrugada deste sábado e um vídeo da ação foi divulgado pela secretária da Segurança Interna dos EUA, Kristi Noem. “Os Estados Unidos continuarão a combater a movimentação ilícita de petróleo sob sanções, usada para financiar o narcoterrorismo na região”, escreveu Noem na rede social X. A Venezuela condenou a apreensão do segundo petroleiro pelos EUA, que descreveu como um "grave ato de pirataria internacional", e disse que esses atos do governo Trump "não passarão impunes". O regime Maduro afirmou neste sábado que o Irã ofereceu sua cooperação "em todos os âmbitos" para enfrentar "a pirataria e o terrorismo internacional" dos EUA. A primeira apreensão ocorreu no último dia 10. Uma semana depois, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um bloqueio total a petroleiros da Venezuela e disse que país estava completamente cercado. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse que o ato foi uma "interferência brutal" de Washington. Um dia depois da primeira apreensão, a Rússia, que já havia declarado seu apoio a Maduro, voltou a se pronunciar sobre a pressão americana contra o país latino. Afirmou que as "tensões na Venezuela podem ter consequências imprevisíveis para o Ocidente". O Conselho de Segurança da ONU irá se reunir na próxima terça-feira para discutir a escalada de tensões e militar entre os EUA e a Venezuela. Por que os navios estão sendo apreendidos? EUA interceptam 2º petroleiro e aumentam pressão sobre Maduro Reprodução A Venezuela concentra a maior reserva comprovada de petróleo do planeta, com capacidade de aproximadamente 303 bilhões de barris — ou 17% do volume conhecido —, segundo a Energy Information Administration (EIA), órgão oficial de estatísticas energéticas dos EUA. Esse volume coloca o país à frente de gigantes como Arábia Saudita (267 bilhões) e Irã (209 bilhões), com ampla margem. Grande parte do petróleo venezuelano, porém, é extra-pesado, o que exige tecnologia sofisticada e investimentos elevados para extração. 🔎 Na prática, o potencial é enorme, mas segue subaproveitado devido à infraestrutura precária e às sanções internacionais que limitam operações e acesso a capital. Há um claro interesse dos EUA. Segundo a EIA, o petróleo pesado da Venezuela "é bem adequado às refinarias norte-americanas, especialmente às localizadas ao longo da Costa do Golfo". Nesse contexto, o republicano atinge dois objetivos simultaneamente: ao buscar favorecer a economia dos EUA, também pressiona a produção e as exportações de petróleo da Venezuela — setor central para a economia do país e para a sustentação do governo de Nicolás Maduro. Os efeitos iniciais já começaram a aparecer nesta semana. Reportagem da Bloomberg News indicou que Caracas enfrenta falta de capacidade para armazenar petróleo, em meio a medidas de Washington para impedir que embarcações atraquem ou deixem portos venezuelanos. Desde que os Estados Unidos impuseram sanções ao setor de energia da Venezuela, em 2019, comerciantes e refinarias que compram petróleo venezuelano passaram a recorrer a uma “frota fantasma” de navios-tanque, que ocultam sua localização, e a embarcações sancionadas por transportar petróleo do Irã ou da Rússia. A China é a maior compradora do petróleo bruto venezuelano, que responde por cerca de 4% de suas importações. Em dezembro, os embarques devem alcançar uma média de mais de 600 mil barris por dia, segundo analistas consultados pela Reuters. Por enquanto, o mercado de petróleo está bem abastecido, e há milhões de barris em navios-tanque ao largo da costa da China aguardando para serem descarregados. Se o embargo permanecer em vigor por algum tempo, a perda de quase um milhão de barris por dia na oferta de petróleo bruto tende a pressionar os preços do petróleo para cima. O ataque a petroleiros ocorre enquanto Trump ordenou ao Departamento de Defesa que realizasse uma série de ataques contra embarcações no Caribe e no Oceano Pacífico que sua administração alega estarem contrabandeando fentanil e outras drogas ilegais para os Estados Unidos e além. Pelo menos 104 pessoas foram mortas em 28 ataques conhecidos desde o início de setembro. A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, disse em uma entrevista à Vanity Fair publicada esta semana que Trump "quer continuar explodindo barcos até Maduro gritar 'tio'."

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