Cúpula do Mercosul tem divergências entre Lula e Milei sobre Venezuela e acordo com UE

Published 3 hours ago
Source: g1.globo.com
Cúpula do Mercosul tem divergências entre Lula e Milei sobre Venezuela e acordo com UE

Mercosul: Lula fala em catástrofe, e Milei defende pressão de Trump sobre Venezuela A pressão cada vez maior dos Estados Unidos na Venezuela colocou Brasil e Argentina em lados opostos na reunião de cúpula do Mercosul. Os presidentes e representantes de governo se reuniram num dos mirantes das Cataratas do Iguaçu para a foto oficial. A reunião marcou a despedida do Brasil da presidência rotativa do Mercosul, depois de seis meses. O presidente Lula passou o comando do bloco para o paraguaio Santiago Peña. No discurso, Lula não mencionou diretamente o nome dos Estados Unidos ao fazer referência aos recentes movimentos militares americanos no mar do Caribe. E chamou de catástrofe uma possível intervenção armada na Venezuela. O presidente brasileiro lembrou o conflito entre Argentina e Reino Unido pelas Ilhas Malvinas, em 1982, para dizer que a América do Sul voltou a ser assombrada pela presença militar de uma potência que não pertence à região. "Passadas mais de quatro décadas desde a guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo", disse o presidente. Cúpula do Mercosul tem divergências entre Lula e Milei sobre Venezuela e acordo com UE Reprodução/Jornal Nacional Desde setembro, o governo Trump tem bombardeado barcos que afirma estarem transportando drogas no Caribe, mas não apresenta provas para sustentar as acusações. Na terça-feira, o presidente americano anunciou um bloqueio total a embarcações petroleiras, sob sanção, que entram e saem da Venezuela. Segundo Trump, o ditador Nicolás Maduro usa os recursos do petróleo para financiar tráfico de drogas e outros crimes. O governo venezuelano classificou o bloqueio como uma violação do direito internacional e uma ameaça grotesca. O presidente argentino, Javier Milei, participou da cúpula em Foz do Iguaçu e discordou da posição do presidente Lula. "A Venezuela continua sofrendo de uma crise política, humanitária e social devastadora. A ditadura atroz e desumana do narcoterrorista Nicolás Maduro amplia uma sombra escura sobre nossa região. Esse perigo e essa vergonha não podem continuar existindo no nosso continente", afirmou Milei. "A Argentina saúda a pressão dos EUA e de Donald Trump para libertar o povo venezuelano. O tempo de ter uma abordagem tímida nessa matéria se esgotou." O acordo de comércio entre o Mercosul e a União Europeia também provocou discordância entre os presidentes Lula e Milei. O argentino criticou a demora na assinatura e defendeu mudança no formato do bloco sul-americano. O presidente Lula lamentou o adiamento da assinatura, prevista para este sábado (20), mas reforçou a manutenção das negociações com a Europa — e disse esperar um resultado final em janeiro. A mudança de planos foi motivada, principalmente, por pressão de Itália e França. Nos dois países, há enorme pressão protecionista a favor da reserva de mercado para agricultores do bloco, que se posicionam fortemente contra qualquer abertura comercial. Nos últimos dias, os protestos chegaram a Bruxelas, sede do Parlamento Europeu. As negociações começaram há 26 anos. Na sexta-feira (19), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, enviaram uma carta a Lula. Eles lamentaram não ser possível assinar o acordo neste sábado e disseram que estão trabalhando ativamente para finalizar os procedimentos internos exigidos pelo Conselho Europeu. Os líderes também reforçaram o compromisso com a assinatura no início de janeiro, em um momento a ser acordado entre ambas as partes. O presidente brasileiro relatou que conversou com a primeira-ministra italiana e que Giorgia Meloni garantiu que o país vai assinar o acordo. "Ela disse textualmente que no começo de janeiro ela estará pronta para assinar. Se ela estiver pronta para assinar e faltar só a França, segundo a Ursula von der Leyen e o António Costa, não haverá possibilidade de a França, sozinha, não permitir o acordo. O acordo será firmado e eu espero que seja assinado, quem sabe, no primeiro mês da presidência do Paraguai, pelo companheiro Santiago Peña", afirma Lula.

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