Mortes em operações policiais sobem 21% em SC em 2025; especialistas pedem mais transparência

Published 2 hours ago
Source: g1.globo.com
Mortes em operações policiais sobem 21% em SC em 2025; especialistas pedem mais transparência

Mortes durante ações policiais sobem e chegam a 96 neste ano em SC Santa Catarina registrou 96 mortes em operações policiais até essa quinta-feira (18), um aumento de cerca de 21% em relação ao ano passado. Os dados são da Gerência de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Segurança Pública (SSP-SC). O Governo do Estado atribui a alta ao aumento no número de operações, mas entidades públicas e organizações da sociedade civil acompanham os números com preocupação. Nos últimos quatro anos, as mortes em confronto mais do que dobraram: foram 44 em 2022 e chegaram a 96 neste ano. ✅Clique e siga o canal do g1 SC no WhatsApp O cenário contrasta com a queda nos homicídios em geral, que excluem mortes em confronto. Esses casos diminuíram 15% em relação a 2024. Protestos após mortes Em setembro, moradores do bairro Monte Cristo, na região continental de Florianópolis, fizeram barricadas em protesto contra a morte de um adolescente de 16 anos, baleado dentro do próprio quarto durante uma operação policial (assista acima). No último sábado (13), outro protesto ocorreu após a morte de Hudson Martins, de 17 anos, em uma ação da Polícia Militar. Moradores afirmam que o jovem não tinha relação com o crime. Hudson Pinheiro Martins Cipriano, de 17 anos, foi morto pela Polícia Militar em uma incursão no Morro do Mocotó, em Florianópolis Reprodução/Redes sociais Para o pesquisador Almir Felitte, doutor em Ciências Sociais, os protestos são um alerta e um recado da população. "Quando essas comunidades se organizam para protestar contra a morte de um de seus jovens, o que eles estão querendo dizer ali em alto e bom som é: ‘parem de nos matar’. Em outras palavras, eles não querem uma política de segurança pública que seja também parte do problema", disse. A Constituição determina que a segurança pública é dever do Estado e deve preservar a vida. ⚖️Artigo 144: A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Quem investiga? O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) faz o controle externo das atividades policiais. Para o promotor Jádel da Silva Júnior, a forma como os casos são apurados é o fator determinante para as conclusões das investigações. "Quando ocorrem essas mortes, quem investiga é o fator determinante. Em Santa Catarina, quem tem investigado é a própria Polícia Militar envolvida no confronto. Nós também verificamos que uma investigação paralela da Polícia Civil existe, mas há sempre respostas e conclusões conflitantes entre as duas polícias", explica o promotor. 📸Câmeras corporais Especialistas apontam o retorno das câmeras corporais como alternativa para dar mais transparência às ações policiais. Santa Catarina já foi referência nacional, mas deixou de usar os equipamentos no fim de 2024, alegando problemas técnicos. Segundo o diretor de assuntos penais da OAB-SC, Guilherme Silva, as câmeras corporais já se mostraram eficazes no país para controlar a violência e reduzir a letalidade policial. Ele afirma que os equipamentos também funcionam como instrumento para produção de provas e como garantia para os agentes diante de denúncias infundadas. "Já se mostraram ao redor do país como um recurso efetivo para o controle da violência e da letalidade policial, até mesmo como instrumento de produção de provas e garantia ao agente policial contra denúncias infundadas", afirma. A Defensoria Pública (DPE-SC) tenta reverter a decisão. Em setembro, a Justiça determinou que o estado apresente estudos sobre o uso das câmeras até março de 2026. Câmeras corporais da PMSC PMSC/ Divulgação O que dizem a PJC e PM O secretário adjunto de Segurança Pública Sinval Santos, afirma que o confronto nunca é a escolha do policial. "Ele se encontra com o marginal em um local e o marginal tem duas opções: ou se entrega ou puxa uma arma para o nosso policial. Nossos agentes são treinados para voltar para casa vivos. A maior parte dos nossos resultados é da prisão. Aqueles que resolvem confrontar têm que arcar com as consequências", disse. A Polícia Civil também relaciona a alta das mortes ao aumento das operações. "Cada operação envolve risco e possibilidade de confronto. Em 2024, foram mais de 900 operações da Polícia Civil. Em 2025, já ultrapassamos 1.600. Lamentamos qualquer morte. O objetivo é buscar provas ou cumprir mandados judiciais." A Polícia Militar não quis gravar entrevista. Em nota à NSC TV, informou: "As ações policiais são realizadas para preservar a ordem e proteger a vida dos catarinenses. Santa Catarina foi indicada como o estado mais seguro do país e Florianópolis como a capital mais segura. Não há relação entre ações operacionais da PMSC, com ou sem câmera corporal, e os resultados mencionados." Polícial com arma Ricardo Wollfenbüttel /SECOM VÍDEOS: mais assistidos do g1 SC nos últimos 7 dias

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