
Capa do álbum 'Memórias III', da dupla César Menotti & Fabiano Divulgação ♫ ANÁLISE ♬ Em constante evolução, a música sertaneja atualmente já se mistura com funk e música eletrônica, entre outros gêneros dominantes no universo pop do século XXI. Contudo, há uma parcela considerável do universo sertanejo que ainda prefere ouvir as modas e canções atualmente caracterizadas com “tradicionais” ou “de raiz” porque foram criadas sem essa mistura pop dos correntes anos 2020. É nesse segmento que a dupla César Menotti & Fabiano vem se escorando em álbuns recentes, sobretudo na série Memórias. Já uma franquia na discografia da dupla, Memórias chega ao terceiro volume em álbum lançado hoje, 19 de dezembro, com 17 canções românticas em 16 faixas. A diferença se explica pelo medley que junta Deu medo (César Augusto e Cecílio Nena, 1998) com Cada volta é um recomeço (Nenéo e Paulo Sérgio Valle, 1997), sucessos de Leandro & Leonardo e Zezé Di Camargo & Luciano, duas duplas donatárias das playlists sertanejas da década de 1990. Também é dos anos 1990 a música que abre o álbum Memórias III, Meu segredo (Priscilla Barucci, 1998), do repertório da dupla Bruno & Marrone. Gravado em show apresentado por César Menotti & Fabiano em Brasília (DF), o álbum Memórias III tem como matéria-prima a sofrência, recorrente no sertanejo desde a primeira moda. Mote desse cancioneiro magoado, o sentimento de dor e desilusão já é explicitado pelos títulos de canções como Esse amor me mata (César Augusto e Piska, 1995) – sucesso da dupla Chrystian & Ralf – e Um século sem ti (Alexandre Zacarias, Franco de Vita e Matogrosso, 2006), música do repertório da dupla Matogrosso & Mathias. Não raro, em vez da viola, a guitarra sobressai nos arranjos, em sintonia com o processo de urbanização vivido pela música sertaneja a partir da década de 1970. De todo modo, o repertório de Memórias III é bem menos aliciante do que as seleções dos álbuns Memórias II (2017) e Memórias anos 90 (2014) e Memórias anos 80 (2014). É natural que a fórmula da saudade dê sinais de desgaste após 11 anos. Até porque a dupla já disparou as munições mais certeiras nos discos anteriores da franquia. Saudade não tem idade, mas tem limite...
