Família de menino que nasceu com 'meio coração' relata preocupação com custos médicos após realização de cirurgias

Published 1 hour ago
Source: g1.globo.com
Família de menino que nasceu com 'meio coração' relata preocupação com custos médicos após realização de cirurgias

Menino nasce com 'meio coração' e precisa passar pela 3ª cirurgia Um menino de dois anos, de Potirendaba (SP), nasceu com uma cardiopatia grave, conhecida como "meio coração", e precisa passar pela terceira cirurgia para sobreviver. No entanto, apesar de uma decisão favorável na Justiça, em primeira instância, para que o plano de saúde pague os custos médicos desde o nascimento dele, a família alega descumprimento da ordem e relata preocupação. Miguel foi diagnosticado com hipoplasia de ventrículo esquerdo, o que impede o bombeamento de sangue suficiente para o corpo, necessitando de tratamento e de uma série de cirurgias paliativas ou, em alguns casos, até de transplante cardíaco. 📲 Participe do canal do g1 Rio Preto e Araçatuba no WhatsApp Procurado pela reportagem, o plano de saúde Austa Clínicas informou, por meio de nota, que a decisão judicial não é definitiva e que recorreu à segunda instância, questionando a escolha da mãe de levar o filho para um hospital em São Paulo (SP), fora da rede credenciada e da área de cobertura do contrato. O plano de saúde reiterou que vai autorizar a cirurgia do menino. Veja a nota na íntegra abaixo. Miguel, de Potirendaba (SP), precisa passar pela 3ª cirurgia de coração Geiza Mara/Arquivo pessoal Ao g1, a auxiliar de limpeza e mãe de Miguel, Geiza Mara Vega, de 30 anos, contou que descobriu a condição do filho ainda na gravidez, durante o pré-natal, em consulta com médicos no Hospital da Criança e Maternidade (HCM) em São José do Rio Preto (SP). "Ficamos muito assustados, nunca tínhamos ouvido falar sobre cardiopatia e receber esse diagnóstico fez com que o desespero tomasse conta. Nossa vida mudou completamente", comenta a mãe. Diante do risco iminente de morte após o nascimento, a mãe descobriu que o plano de saúde familiar não dispunha de um hospital em Rio Preto com estrutura de cuidados necessária ao bebê assim que viesse ao mundo. A esperança ressurgiu quando descobriu o Hospital Beneficência Portuguesa, que é particular, em São Paulo, com estrutura especializada em cardiopatias complexas. A unidade tem um equipamento essencial, conforme indicação médica, conhecido como Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO), de suporte de vida, que funciona como um coração e pulmão artificiais. Diante disso, Geiza entrou com um pedido de liminar na Justiça para fazer o parto com a equipe médica em São Paulo, o que foi concedido. O parto foi antecipado e Miguel nasceu em fevereiro de 2023. Ainda no hospital, ele passou por duas cirurgias cardíacas, sendo uma com apenas quatro dias de vida e a segunda com três meses. Ele ficou seis meses internado após o nascimento. Miguel nasceu com cardiopatia congênita; família é de Potirendaba (SP) Geiza Mara Vega/Arquivo pessoal Conforme a mãe, agora Miguel precisa fazer a cirurgia de Fontan, considerada a última e mais importante etapa do tratamento para crianças que nasceram com apenas um ventrículo em funcionamento no coração. O objetivo da operação é organizar a circulação sanguínea, fazendo com que "o sangue pobre em oxigênio" vá direto para os pulmões, sem passar pelo coração, e o órgão fique responsável apenas por bombear "o sangue rico em oxigênio" para o corpo. No momento, Miguel está internado no hospital em São Paulo, onde fez um procedimento de "sangria", o qual consiste na retirada controlada de sangue do paciente. Em fevereiro, o menino completa três anos, idade ideal para o procedimento. "Vivo com o coração apertado, sabendo que cada dia conta para a vida do meu filho. Essa força da família e da comunidade tem sido essencial para seguir lutando", comenta a mãe. Na Justiça Geiza, moradora de Potirendaba (SP), engravidou de Miguel, que tem cardiopatia congênita Geiza Mara Vega/Arquivo pessoal Ainda em fevereiro de 2023, a família recorreu à Justiça novamente para que o plano de saúde custeasse todo o tratamento, bem como o parto do menino em São Paulo. Em junho deste ano, a Justiça concedeu tutela de urgência determinando o pagamento integral. O g1 conversou com o advogado de defesa de Geiza, Júlio Amorim, que reforçou que, em junho deste ano, a Justiça emitiu a sentença, em primeira instância, determinando o pagamento integral à equipe médica do hospital. "Ninguém trabalha de graça, eles foram heroicamente aceitando fazer o tratamento sem receber. É um total descaso do plano de saúde", disse o advogado. No documento, ao qual a reportagem teve acesso, o juiz Marco Antônio Costa Neves escreveu que a perícia concluiu que o parto e o tratamento do bebê apresentariam "seríssimas complicações" caso fossem feitos fora da Beneficência Portuguesa, na capital paulista. O laudo apontou que Miguel deveria dar continuidade ao tratamento no mesmo hospital onde estaria sendo feito o acompanhamento. A pena de multa diária é de R$ 1 mil ao plano de saúde, em caso de descumprimento da ordem. Apesar da decisão positiva, Geiza afirmou que o pagamento não foi efetivado pelo plano de saúde e que os custos com a equipe médica no hospital ultrapassam os R$ 700 mil. Por isso, a mulher abriu uma arrecadação online para reunir o dinheiro, em caso de decisão contrária em segunda instância. Nota na íntegra do plano de saúde: "Sobre o tratamento do paciente, a operadora esclarece que a decisão judicial não é definitiva e que recorreu à segunda instância da Justiça, aguardando o julgamento. Neste recurso, a operadora discute a decisão da beneficiária por ter buscado de forma particular o tratamento no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo – fora da sua rede credenciada e da área de cobertura do contrato, bem como os valores cobrados, considerando que tanto o parto como as cirurgias (em todas as suas fases) já haviam sido previamente autorizados pela operadora para serem realizados no HCM - Hospital da Criança e Maternidade (CardioPedBrasil), em São José do Rio Preto, conforme cobertura contratual, o que foi comunicado previamente à beneficiária. Portanto, neste momento ainda não há obrigação de realizar o pagamento das despesas médicas e hospitalares dos tratamentos já realizados, conforme reconhecido pelo próprio juiz do caso, que extinguiu o pedido de cumprimento provisório da sentença, apresentado pela mãe do paciente, por entender que a decisão ainda precisa ser confirmada em todas as instâncias da Justiça. Quanto à realização da Cirurgia de Fontan, terceira fase do tratamento do paciente, a Operadora informa que, conforme já comunicado à mãe do paciente, e em cumprimento à decisão judicial então vigente, assim que solicitada pela equipe médica do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, autorizará a realização do procedimento no nesta instituição. Em relação à alegação da mãe do paciente de que a equipe médica não realizará o terceiro procedimento enquanto não houver o pagamento da conta médica em aberto, a Operadora esclarece que, desde o início, a equipe médica do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, escolhida e contratada pela mãe do paciente, tinha conhecimento de que se tratava de paciente com plano de saúde sem cobertura na cidade de São Paulo e de que a responsabilidade pelo pagamento das despesas seria discutida judicialmente. Assim, ao assumir o caso, a equipe médica também assumiu o risco quanto ao resultado do processo e ao tempo necessário para sua conclusão. Diante disso, a Operadora informa que não concorda com a conduta dos médicos. Por fim, a Operadora informa que sempre disponibilizou e continua disponibilizando cobertura integral para o atendimento do paciente no Hospital de Base/HCM - Hospital da Criança e Maternidade (CardioPedBrasil), em São José do Rio Preto, hospital reconhecido nacionalmente como referência no tratamento de crianças com cardiopatias graves, como é o caso do paciente, permanecendo à inteira disposição da família para viabilizar o atendimento do menor nessa unidade." Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba VÍDEOS: confira as reportagens da TV TEM

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