
Veja a sala de controle que monitora operações de foguete sul-coreano no MA 👨💻 Entre dezenas de computadores, botões de comando e gráficos que mudam a cada segundo, a sala de controle da Base de Alcântara, no litoral do Maranhão, vive momentos de atenção máxima. É nesse ambiente que técnicos ajustam os últimos detalhes para o lançamento do foguete sul-coreano HANBIT-Nano, previsto para esta sexta-feira (19), às 15h34, após dois adiamentos, no que será o primeiro voo comercial espacial partindo do Brasil. 📲 Clique aqui e se inscreva no canal do g1 Maranhão no WhatsApp Longe da imagem de decisões solitárias retratada nos filmes, a autorização para a decolagem depende de um trabalho coletivo. Na operação batizada de Spaceward, 27 profissionais monitoram sistemas diferentes do foguete e precisam dar o aval final para que a missão — que pode ser concluída em até sete minutos — siga do solo maranhense rumo à órbita da Terra. ➡️ O g1 teve acesso exclusivo à sala de controle do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) (veja as imagens acima). De lá é que técnicos militares e civis analisam o funcionamento do foguete, as condições climáticas da região e, a poucas horas do lançamento, decidem se ele vai ou não acontecer. Centro de controle da Base de Alcântara no Maranhão Força Aérea Brasileira (FAB) 💻 Em frente a 27 telas de computador, cada técnico é responsável por monitorar um sistema específico, desde componentes estruturais até sistemas de refrigeração e propulsão. Durante a contagem regressiva, as equipes acompanham dados em tempo real e avaliam se tudo está funcionando como o esperado. Antes do lançamento, cada equipe precisa dar o aval final, conhecido como “go” - "vai" em português. Caso algum setor identifique um problema, o status muda para “no go” - "não vai" em português, e a decolagem pode ser interrompida ou adiada. Só quando todas as equipes confirmam que os sistemas estão prontos é que o lançamento é autorizado. Esse processo faz com que a sala de controle funcione como um grande quebra-cabeça técnico, em que cada peça precisa estar perfeitamente ajustada para que o foguete possa, enfim, deixar o solo. Técnicos fazem testes nos equipamentos que monitoram o lançamento do foguete HANBIT-Nano Força Aérea Brasileira (FAB) ⏳ D3, D2 e D1: a contagem regressiva Antes de deixar a base, a contagem regressiva para o lançamento começa dias antes e tem um calendário dividido em três etapas: D3, D2 e D1. Cada um indica quantos dias faltam para o lançamento - três dias, dois dias e um dia - e é dentro desta janela, que se define o tipo de atividade realizada pela equipe técnica. No D3 e D2, os trabalhos técnicos são voltados para verificações gerais, checagem de sistemas e preparação dos equipamentos. São feitos testes chamados de 'ensaios gerais' para verificar as condições do dispositivo antes de ir à órbita. Foguete sul-coreano HANBIT-Nano posicionado na plataforma de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão Força Aérea Brasileira (FAB) O D1 é o dia do lançamento do dispositivo e os preparativos começam por volta de 6h da manhã do dia previsto e, até a hora prevista para ser lançado o foguete passa por ajustes finais mais específicos e detalhados. 🌌🔭 Se lançado com sucesso, o HANBIT-Nano poderá ter sua missão concluída em até sete minutos. A missão poderá ser vista a olho nu, dos céus de Alcântara (MA) e São Luís (MA) e, durante até quatro minutos, os curiosos poderão acompanhar a trajetória do foguete até a atmosfera. Mais rápido que um avião e capaz de chegar ao espaço em minutos: como é o foguete que fará o 1º voo comercial no Brasil Tamanho do foguete 🚀 Como é o foguete que fará o primeiro voo comercial partindo do Brasil? O HANBIT-Nano tem 21,9 metros de altura, pesa 20 toneladas e possui 1,4 metro de diâmetro (veja mais detalhes abaixo). Em sua trajetória até a órbita da Terra, ele pode chegar a 30 mil km/h. Em números simplificados, ele equivale à altura de um prédio de sete andares, pode voar até 30 vezes mais rápido que um avião comercial e tem peso semelhante ao de quatro elefantes africanos. Batizada de Spaceward, a missão envolve um trabalho coordenado pela Força Aérea Brasileira (FAB) e pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O objetivo é levar ao espaço cinco satélites e três dispositivos que auxiliarão pesquisas em mais de cinco áreas, desenvolvidas por instituições do Brasil e da Índia. Foguete que fará o 1º voo comercial no Brasil levará ao espaço satélites para estudos ambientais, de comunicação e análise solar Arte: Como é o foguete HANBIT-Nano Arte/g1 Se bem-sucedido, o lançamento pode representar um avanço do Brasil rumo ao mercado global de lançamentos espaciais. A compensação monetária paga pela Innospace ao governo brasileiro para a missão não foi informada. Ao g1, a Agência Espacial Brasileira (AEB) informou que a Innospace firmou um acordo de prestação de serviços pelo valor mínimo de retribuição ao Estado com o Governo Brasileiro. Essa modalidade não prevê 'lucro'. ENTENDA: Como será e por que 1º voo comercial de foguete no Brasil pode colocar país na rota do mercado espacial O foguete sul-coreano HANBIT-Nano na plataforma de lançamento em Alcântara (MA) Força Aérea Brasileira Localização 'privilegiada' Construído na década de 1980, o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no litoral do Maranhão, conta com atrativos geográficos que fazem a área ser bastante atrativa e cobiçada para o lançamento de dispositivos espaciais. 📌 Dentre os motivos, está a localização próxima à linha do Equador — faz com que os foguetes gastem menos combustível e, com isso, o custo da operação seja menor. Além disso, a área fica próxima a uma ampla extensão do litoral, tem baixa densidade do tráfico aéreo e um amplo leque de inclinações orbitais para os lançamentos. 💨Quanto menor a latitude — sendo zero na Linha do Equador —, melhor é considerado o local para a realização de lançamento de foguetes. A velocidade de rotação de superfície, necessária para colocar o foguete em órbita, é maior quanto mais próximo à linha que divide os hemisférios Norte e Sul. Isso exige menor consumo de combustível da aeronave e menor tempo de viagem à órbita. Arte: Por que Alcântara? Arte/g1 Apesar destas qualidades, a base se tornou por décadas subutilizada. Entre os motivos, estão o grave acidente há mais de 20 anos no local e questões fundiárias. A tragédia interferiu para a consolidação do Brasil no mercado espacial, com redução da atividade em Alcântara a partir de 2003. ➡️ O acidente aconteceu três dias antes do lançamento do foguete VLS-1, protótipo que colocaria em órbita dois satélites nacionais de observação terrestre. A estrutura estava montada e o dispositivo passava por ajustes finais, quando um dos motores teve uma ignição prematura e o protótipo foi acionado antes do tempo. A torre acabou explodindo e 21 civis que trabalhavam no local morreram. Já a questão fundiária levou Alcântara até à cortes internacionais. Os conflitos pela terra com as comunidades quilombolas que viviam na região antes da instalação da base viraram processos judiciais que se arrastaram por décadas. Maior desastre espacial brasileiro completa 20 anos; veja o que mudou Brasil pede desculpas e reconhece que violou direitos de quilombolas por implantação do Centro de Lançamento de Alcântara Nova fase Foguete HANBIT-Nano será lançado neste sábado (22) no Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) no Maranhão INNOSPACE A Operação Spaceward, que vai lançar o HANBIT-Nano, marca o início de uma nova era do Programa Espacial Brasileiro. O foguete pode inserir o Brasil no mercado global espacial, contribuir na melhora da tecnologia dos dispositivos espaciais e atrair novos investimentos estrangeiros, alavancando o Programa Espacial Brasileiro. A abertura da base ao mercado de lançamento de foguetes comerciais em Alcântara começou a se tornar possível devido a um Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST) assinado pelos governos brasileiro e dos EUA, em 2019. Pelo acordo, dispositivos desenvolvidos com tecnologia norte-americana e por empresas privadas autorizadas por ele, poderiam ser lançados de Alcântara, e o Brasil ficaria habilitado a receber uma compensação monetária. Isso porque são os EUA que produzem grande parte dos componentes presentes em foguetes lançados no mundo. Porém, os norte-americanos não autorizam esses dispositivos a serem lançados por países nos quais eles não possuem acordos na área espacial. Com a assinatura, em 2019, o processo foi simplificado. "Antigamente não era proibido, mas para cada lançamento que você fizesse, precisava de uma autorização especial. Agora, é muito mais fácil", explicou Marco Antonio Chamon, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB).
