Calor, engasgos e intoxicações: veterinário ensina primeiros socorros que podem salvar a vida do seu pet

Published 1 hour ago
Source: g1.globo.com
Calor, engasgos e intoxicações: veterinário ensina primeiros socorros que podem salvar a vida do seu pet

Tem+ Pet: Veterinário demonstra manobras de desengasgo e massagem cardíaca Ferimentos, engasgos, parada cardíaca e quadros de hipertermia podem colocar a vida de cães e gatos em risco em pouco tempo. Em entrevista ao g1, um veterinário orienta como agir nos primeiros socorros até a chegada do atendimento especializado, reforçando que essas práticas são temporárias e não substituem a consulta profissional. Assim como em humanos, as emergências são comuns no mundo pet. O médico veterinário Marco Aurélio Dias Batista, de Presidente Prudente (SP), destacou dois casos que merecem atenção no período do verão. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp O primeiro é a intoxicação por sapo. Conforme o especialista, é comum que principalmente cães mordam o sapo e comecem a ter muita salivação, gerando até convulsões ou crises epiléticas. O que fazer? Ao perceber que o animal teve contato com um sapo, a primeira coisa a se fazer é limpar a boca do cão. Pode ser utilizado um pano molhado ou tentar lavar o local, sem deixar o cachorro engolir a água. Se o animal começar a apresentar sintomas como movimentos mastigatórios ou até convulsões, é essencial buscar ajuda veterinária o quanto antes. Isso porque o veneno do sapo, se absorvido pelo organismo do cão, pode ir além da convulsão e provocar lesão renal e lesão hepática, que podem agravar e prejudicar a saúde do animal. Casos de hipertermia (aumento anormal da temperatura corporal) também são frequentes nesta época do ano. Por isso, os tutores devem evitar situações de risco, como deixar os pets dentro do carro, mesmo que por pouco tempo, e realizar passeios ou brincadeiras em horários inadequados. Segundo o veterinário, muitos animais acabam ultrapassando seus limites físicos para acompanhar o tutor. “Principalmente o cão, ele suporta tudo para ficar com o tutor dele. Então se você estiver brincando com ele no sol, ele vai ficar brincando até cair e desmaiar”, alerta. No último verão, a clínica atendeu quatro casos que evoluíram para óbito após cães brincarem ao ar livre, principalmente em chácaras e sítios. Cães braquicefálicos, como bulldog, boxer e shih tzu, são mais suscetíveis ao calor devido à anatomia das vias respiratórias, mas o risco vale para todos os cães. O profissional cita, inclusive, atendimentos recentes envolvendo raças consideradas mais resistentes, como border collie. “Pets que às vezes estão brincando em sítio, chácara ou na casa, em volta da piscina, ficam jogando água, brincando no sol, ele entra em hipertermia”, explica. Entre os principais sintomas estão respiração ofegante, engasgos, desorientação, língua arroxeada e desmaios. O que fazer? Para evitar o problema, a recomendação é que passeios e atividades físicas sejam feitos apenas nos horários mais frescos do dia, preferencialmente no início da manhã, por volta de 6h30. À noite, o cuidado deve ser redobrado, já que o calor e o abafamento costumam persistir mesmo após o pôr do sol. Ao perceber sinais de hipertermia, o tutor não deve jogar água gelada nem forçar o animal a beber água, pois isso pode provocar choque térmico, que pode ser fatal. A orientação é umedecer a pele do pet com um pano molhado em temperatura ambiente, permitir que a temperatura corporal diminua de forma gradual e levá-lo o quanto antes a uma clínica veterinária para receber hidratação e atendimento adequados. Manobras ajudam a estabilizar condição do pet até o socorro especializado Stephanie Fonseca/g1 Veja outras dicas de primeiros socorros Como agir em casos de acidentes e atropelamento? Como agir em casos de engasgamento? Como agir em casos de convulsão ou crise epilética? Como agir em casos de queimaduras? Como agir em casos de intoxicações? Como agir em casos de envenenamento? Como agir em casos de parada cardiorrespiratória? O que não fazer? Como montar um kit de primeiros socorros? O que observar no comportamento do seu pet? Outras emergências comuns Segundo o médico veterinário, outras situações comuns que fazem os tutores correrem atrás de atendimento emergencial incluem: Sangramento nasal intenso ou sangramento intestinal provocado pela doença do carrapato; Casos de atropelamento, que podem causar fraturas, sangramentos e escoriações em geral; Convulsões idiopáticas ou ataques epiléticos, apresentados normalmente por pacientes que já sofrem dessa doença ou que começaram a manifestar esse problema repentinamente por uma origem ainda desconhecida; Crises cardíacas ou respiratórias de pacientes idosos, que podem ter perda de consciência, desmaio ou dificuldade de respirar devido a um edema pulmonar desencadeado por uma insuficiência cardíaca. Médico veterinário Marco Aurélio Dias Batista, de Presidente Prudente (SP), destaca casos que merecem atenção, principalmente no período do verão Stephanie Fonseca/g1 O que fazer nos primeiros socorros Acidentes ou atropelamentos Ao ver o pet sofrer um acidente, como um atropelamento, é importante realizar o socorro o quanto antes. Segundo o veterinário, o principal cuidado é a abordagem do animal. “Normalmente, as pessoas vão com o intuito de já o pegar. Mas ele não sabe o que aconteceu. Ele sofreu um trauma, ele está assustado, ele está com dor. E às vezes ao você ir já o pegar, você também recebe uma mordida”, orienta. Dependendo do pet, a situação pode ser grave. Então, o primeiro passo é chegar com calma e cuidado, principalmente se estiver no meio da rua. O ideal é tentar parar o trânsito, se possível, com ajuda de outra pessoa. Para evitar a mordida, mesmo que seja um pet conhecido, é ideal ter uma toalha ou uma camiseta, por exemplo, para proteger a mão de eventuais mordidas. Se conhecer o pet, vá o chamando pelo nome e conversando com ele, com calma, tentando observar se houve uma fratura ou lesão que não pode ser tocada. “Se foi coluna, por exemplo, é muito importante removê-lo de uma forma que ele fique deitado. Se você tiver uma tábua, ou uma toalha na qual você possa fazer como uma rede, cada um pegar nas quatro pontas, e deixá-lo num lugar plano e levar até um hospital veterinário”, explica. Caso o animal apresente hemorragia, o ideal é fazer uma compressa com gaze, uma faixa ou com a própria camiseta sobre o local para conter o sangramento. Engasgamento Assim como os humanos, os pets também podem engasgar, seja com um petisco ou até um brinquedo, que fica preso no fundo da boca ou até na traqueia. Mas é preciso atenção para identificar se é de fato um engasgo ou uma tosse provocada por outras doenças. Veja a demonstração no vídeo acima. Um dos sinais de que algo está preso na garganta é a ação do pet. Eles costumam ficar passando as patinhas na boca e demonstrando que tem algo que os está incomodando. Diante disso, de preferência, o tutor pode abrir a boca do pet e tentar olhar no fundo se há algo ali. Usar a lanterna do celular pode ajudar na visibilidade. Se observar algo, tente puxar com os dedos, com cuidado para não machucar o animal. Se não conseguir observar que é uma questão externa das vias aéreas superiores e da boca, e tiver certeza de que é um engasgo, pode-se tentar fazer uma manobra semelhante à Heimlich nos humanos. Se for um cão de grande porte, você pode deixá-lo de pé (sobre as quatro patas) e puxar o abdômen dele, perto do estômago, várias vezes. Se for um cão pequeno, você pode pegá-lo no colo, apoiar as patas dianteiras na perna e suspender as traseiras, de modo que a cabeça fique para baixo, e também fazer essa manobra e, às vezes, até bater nas costas do pet. O médico veterinário reforça que a manobra deve ser realizada apenas com a certeza de engasgamento. Segundo ele, a situação pode ser confundida com uma tosse por problemas cardíacos, por uma gripe muito forte ou espirro reverso (movimento respiratório rápido, como se ele fosse assoar o nariz), por exemplo. A manobra não substitui o atendimento médico veterinário. Convulsão ou crise epilética Segundo o veterinário, durante uma convulsão o tutor deve evitar movimentar o animal e agir para protegê-lo de ferimentos. A orientação é manter o pet em local seguro, falar com ele em tom calmo e, se possível, colocar uma toalha enrolada na boca para evitar que morda a língua. Também é recomendado apoiar o corpo com um travesseiro, mantendo a cabeça levemente mais baixa para facilitar a saída da saliva. Na maioria dos casos de epilepsia, as convulsões duram entre 30 segundos e três minutos, e o ideal é aguardar o fim da crise antes de transportar o animal. Já quando se trata da primeira convulsão ou há suspeita de outras causas, como picada de animal peçonhento, o tutor deve levar o pet imediatamente ao veterinário, mesmo durante a crise, utilizando caixa de transporte ou acomodando-o com cuidado no carro. Queimaduras Casos de queimaduras em pets ainda ocorrem, mas são menos frequentes do que no passado, segundo o veterinário. A redução está ligada a mudanças de comportamento e maior conscientização dos tutores, especialmente em relação ao risco com água quente ou fervente. Atualmente, as queimaduras mais comuns estão associadas a traumas. Já em situações envolvendo água fervendo ou líquidos quentes, a orientação é agir rapidamente: lavar o local apenas com água fresca, manter a ferida hidratada e procurar atendimento veterinário o quanto antes. O especialista alerta que o uso de produtos caseiros ou substâncias inadequadas pode agravar o quadro. “A queimadura provoca perda da proteção natural da pele e aumenta o risco de infecção, por isso o acompanhamento profissional é fundamental”, explica. Intoxicações Casos de intoxicação também exigem atenção redobrada dos tutores. Segundo especialistas, as ocorrências mais comuns envolvem produtos químicos e, principalmente, medicamentos deixados ao alcance dos animais. Remédios para dormir, por exemplo, estão entre os mais frequentemente ingeridos de forma acidental, assim como alguns medicamentos de uso contínuo, que acabam sendo abertos ou mastigados pelos pets durante brincadeiras. Outro fator recorrente é a dedetização de ambientes. Embora algumas empresas indiquem que os animais podem retornar ao local poucas horas depois da aplicação, a prática mostra que o risco de intoxicação pode persistir por mais tempo. Mesmo após 48 horas, resíduos de produtos químicos permanecem no chão e em cantos da casa, locais que cães e gatos costumam cheirar. O contato repetido com essas substâncias pode provocar reações alérgicas, tosse, coriza e, em casos mais graves, convulsões, devido ao acúmulo do produto no organismo. Por isso, a orientação é manter os pets fora do ambiente por pelo menos dois a três dias após a dedetização. Caso o retorno seja inevitável, a recomendação é limpar com um pano úmido os locais onde o produto foi aplicado, reduzindo a exposição. A observação atenta do comportamento do animal nos dias seguintes também é fundamental para identificar sinais precoces de intoxicação e buscar atendimento veterinário o quanto antes. Envenenamento Os casos de envenenamento de cães e gatos ainda ocorrem, mas, segundo o veterinário, houve uma redução significativa nos últimos anos. A mudança é atribuída a uma maior conscientização da população, ao avanço da tecnologia, ao aumento da fiscalização e às investigações policiais. Ao perceber sinais de envenenamento, a orientação é levar o animal imediatamente a uma clínica veterinária. Entre os sintomas mais comuns estão salivação excessiva, tremores musculares, pupilas dilatadas e perda de consciência, principalmente em gatos. O manuseio do pet deve ser feito com cuidado, de preferência utilizando uma caixa de transporte, já que o animal pode ficar desorientado, agressivo e tentar morder ou arranhar. O veterinário alerta que medidas caseiras podem agravar o quadro. Oferecer leite ou tentar provocar o vômito sem orientação profissional pode ser perigoso, já que, dependendo do tipo de substância ingerida, essas ações aumentam a absorção do veneno ou causam novas lesões no organismo. Em casos de substâncias cáusticas, por exemplo, o vômito pode provocar queimaduras no esôfago tanto na ingestão quanto no retorno do conteúdo. Além do atendimento veterinário, os tutores também devem registrar a ocorrência e procurar a polícia para ser aberta uma investigação, especialmente quando há suspeita de envenenamento intencional no bairro. Parada cardiorrespiratória A parada cardiorrespiratória em cães pode ocorrer de forma súbita e exige ação imediata até a chegada ao atendimento especializado. Segundo o veterinário, é possível identificar o problema quando o animal apresenta síncope (desmaio), ausência de respiração e falta de batimentos cardíacos perceptíveis. Veja a demonstração no vídeo acima. Em casos assim, algumas manobras de reanimação podem ser iniciadas ainda em casa, levando em consideração o porte do animal. O animal deve ser colocado deitado de lado, com o lado direito apoiado no chão e o esquerdo voltado para cima. Em cães de pequeno porte ou filhotes, a compressão deve ser feita de forma delicada, com os dedos posicionados sobre a região do coração. São indicadas de três a cinco compressões, intercaladas com estímulos respiratórios, feitos ao soprar o ar utilizando a mão em formato de funil direcionada ao focinho do animal. Já em cães de médio e grande porte, o procedimento exige mais força e área de contato. A palma da mão deve ser posicionada sobre a região do coração, entre a quarta e a quinta costela, realizando de três a cinco compressões. Em seguida, a caixa torácica pode ser pressionada com as duas mãos para estimular a respiração, associando o sopro de ar pelo focinho. O veterinário ressalta que essas manobras têm como objetivo tentar restabelecer a respiração e a circulação até que o animal seja levado o mais rápido possível a uma clínica veterinária, onde receberá atendimento adequado e suporte avançado. O que não fazer A demora em levar os pets para o socorro especializado e presencial é um erro comum de tutores. Conforme comentou o profissional, ainda há quem tente automedicar o animal ou buscar soluções à distância, e isso pode fazer com que o tempo para a recuperação aumente e os riscos sejam ampliados. Ao perceber sinais de dor, a automedicação é muito comum e perigosa, principalmente com remédios “humanos”. O veterinário ressalta que um medicamento muito utilizado de forma errada é a dipirona. “Principalmente em felinos. A primeira coisa que o tutor pega é a dipirona, e tem alguns gatos que são alérgicos. Além disso, a automedicação sem conhecimento prévio pode potencializar o problema ou provocar outro”, destaca. Receitas caseiras também são um risco à vida do pet. Segundo exemplifica Marco Aurélio, a prática costuma ocorrer em casos como ingestão de veneno ou de um produto químico. O médico alerta: “medicar em casa, dando leite, dando soda, dando água morna, salmoura para tentar vomitar... O principal erro do tutor às vezes é querer medicar e querer tratar sem ter orientação”. Se o pet apresentar uma fratura, não faça torniquete ou outras ações similares. O correto é somente manter o local machucado estável e tentar o mais rápido possível chegar a um hospital para fazer a imobilização correta. É importante que tutores tenham kit básico de primeiros socorros para os pets em casa Stephanie Fonseca/g1 Kit de primeiros socorros Assim como acontece com as pessoas, é importante que os tutores tenham um kit básico de primeiros socorros para os pets em casa. Segundo o veterinário, itens simples podem ajudar no atendimento inicial até a chegada a uma clínica. No kit, é fundamental ter ataduras, faixas, gaze ou panos limpos para compressão em caso de ferimentos e sangramentos, além de soro fisiológico, que pode ser usado para a limpeza de olhos, feridas superficiais ou mucosas. Um termômetro também é importante, desde que o tutor saiba utilizá-lo corretamente — a medição da temperatura em cães e gatos não deve ser feita pela boca nem pelas axilas, mas pela via retal. De forma geral, o kit deve conter materiais simples, que auxiliam na estabilização inicial do animal, reforçando que nenhum desses cuidados substitui o atendimento veterinário, que deve ser procurado sempre que necessário. Observe seu pet O veterinário reforça que um dos principais cuidados com filhotes, pets idosos ou animais com doenças crônicas é a atenção às mudanças de comportamento. Segundo ele, cães e gatos mantêm uma rotina previsível e não apresentam oscilações emocionais como os humanos. “Os pets, principalmente o cão e o gato, eles não têm momentos de euforia nem depressão. Ele não acorda o dia pensando que ele tem que pagar uma conta, que é o imposto de renda, que mudou o governo, que brigou em casa”, comenta. Por isso, qualquer alteração deve ser encarada como sinal de alerta: “cuidado quando o seu pet muda o comportamento”. Apatia, falta de apetite ou desinteresse por brincadeiras não devem ser ignorados. O veterinário também alerta para a automedicação, que pode mascarar sintomas e atrasar o diagnóstico. A observação diária do animal é fundamental, incluindo a coloração da gengiva e da língua, a respiração, a presença de feridas, nódulos, alterações nas fezes e na urina. O controle do peso também é um indicador importante. “Como ele não fala, você consegue ver se está aparecendo uma doença crônica através do peso e das anotações”, indica. Filhotes devem ganhar peso conforme crescem, enquanto a perda de peso em animais idosos pode indicar problemas de saúde. Ao final, o veterinário destaca o vínculo entre humanos e animais. “O pet, principalmente o cão, tem uma fidelidade que extrapola toda e qualquer natureza, animal ou humana. Então, eu acho que a gente tem que tratá-lo da mesma forma e ser fiel quando ele precisar”, conclui o veterinário. Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

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