Agressões eram graves e frequentes, diz polícia sobre feminicídio em MG; homem matou namorada e forjou acidente

Published 1 hour ago
Source: g1.globo.com
Agressões eram graves e frequentes, diz polícia sobre feminicídio em MG; homem matou namorada e forjou acidente

Vídeo revela vítima imóvel antes de batida; amigos relatam agressões O empresário Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, investigado por matar a namorada, Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, e simular um acidente para tentar encobrir o crime, tem passagens pela polícia por violência doméstica, em 2023, e por dirigir embriagado, em 2013 e 2016. As informações são da Polícia Civil, que também apontou que o casal tinha um relacionamento conturbado e violento. “Era um relacionamento extremamente complicado, com relatos de agressões, inclusive agressões graves também, que ele teria provocado nela. Era uma coisa corriqueira. Os familiares tinham ciência desses fatos, orientavam ela, mas ela talvez por medo tenha omitido essa informação e não registraram junto à polícia qualquer medida preventiva, não fez qualquer registro de boletim pedindo providência”, detalhou o delegado-chefe da 7ª Região da Polícia Civil, Flávio Destro. A corporação passou a investigar o caso como feminicídio após analisar imagens de câmeras de segurança de um pedágio na MG-050, em Itaúna. O acidente forjado ocorreu no último domingo (14). Com o avanço das apurações e diante da suspeita de envolvimento de Alison, a Polícia Civil prendeu o empresário durante o velório de Henay, na segunda-feira (15). Na terça-feira (16), o homem confessou o envolvimento no crime. Ele está detido no Presídio Floramar, em Divinópolis. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Centro-Oeste no WhatsApp Henay, que atuava como personal shopper, mantinha um relacionamento de pouco mais de um ano com o empresário. Segundo a investigação, o casal vivia junto havia sete meses, em Belo Horizonte. Um amigo da vítima, que preferiu não se identificar, relatou que Henay já havia falado sobre as agressões sofridas por parte do namorado. “Ele já vinha agredindo ela, batendo nela, machucando a cabeça dela, a ponto de ela ter que ir para o hospital. Ela já me mandou foto dela machucada, vídeo dele quebrando as coisas, prints”, contou. Alison e Henay viviam um relacionamento conturbado e violento, segundo polícia Redes sociais/reprodução A defesa de Alison afirmou que ele "irá colaborar integralmente com todas as investigações conduzidas pelas autoridades". Veja a nota completa mais abaixo. LEIA MAIS SOBRE O CASO: Carro invade contramão e motorista morre após batida com micro-ônibus em curva da MG-050 Homem é detido no velório da companheira após reviravolta em investigação de acidente em rodovia de MG Entenda como vídeo de motorista imóvel ao volante levou polícia a investigar morte em acidente como feminicídio Empresário confessa à polícia que matou a namorada e simulou acidente em MG Quem era a mulher morta pelo namorado que simulou acidente para esconder o crime em MG Brigas, agressões e asfixia: o que aconteceu dentro do carro antes de acidente que fez polícia investigar feminicídio em MG Funcionária de pedágio foi peça-chave em investigação de feminicídio após acidente forjado em MG, diz Polícia Civil De acidente a feminicídio: entenda a reviravolta Inicialmente, a morte de Henay foi registrada como um acidente de trânsito na MG-050, em Itaúna (MG). Segundo a Polícia Militar Rodoviária (PMRv), ela estava no banco do motorista e o namorado no do passageiro quando o carro do casal invadiu a contramão e bateu em um micro-ônibus. A investigação mudou de rumo após a análise de imagens de um pedágio, que indicaram que Henay já estava desacordada antes da batida. Depois que o vídeo chegou à Polícia Civil a corporação passou a tratar o caso como possível feminicídio. Após confessar o crime, o empresário narrou que dentro do carro, durante o trajeto entre Belo Horizonte e Divinópolis, houve brigas, agressões e asfixia. Em entrevista coletiva, o delegado responsável pelas investigações, João Marcos do Amaral Ferreira, falou sobre o empresário ter forjado o acidente de carro para encobrir o crime. "Ele tentou forjar uma hipótese para que a morte dela fosse ocultada, o feminicídio fosse ocultado. Forjando alguma hipótese de acidente que pode sim ter sido proposital mesmo, ou até com uma perda. Às vezes ele não queria bater daquela forma, ele queria de outra, mas pela posição que ele estava dirigindo, a gente consegue ver ele no pedágio chegando já em zig zag e uma posição dessa não tem como ter o controle total do carro", explicou Ferreira. Peça-chave na investigação Vídeo leva Polícia Civil a investigar se acidente que matou mulher na MG-050 foi simulado Conforme o Boletim de Ocorrência ao qual o g1 teve acesso, um dos primeiros elementos que chamaram a atenção da Polícia Civil foi o vídeo registrado em uma praça de pedágio em Itaúna, às 5h56, poucos minutos antes do acidente. As imagens mostram Henay sentada no banco do motorista, sem reagir, enquanto o namorado estava no banco do passageiro. No vídeo, ele aparece pagando a tarifa e esticando o corpo para alcançar o volante, conduzindo o carro de forma improvisada. A situação chamou a atenção da atendente do pedágio, que questionou se estava tudo bem. Segundo a polícia, Alison afirmou que a namorada estava passando mal. A funcionária sugeriu parar o carro para atendimento; ele chegou a indicar que faria isso, mas seguiu viagem. Cerca de nove minutos depois, o carro invadiu a contramão em uma curva, no km 90 da MG-050, e bateu de frente com um micro-ônibus de turismo. A morte de Henay foi constatada ainda no local. O suspeito aparece controlando o volante enquanto a vítima está desacordada no banco do motorista Redes sociais/reprodução Contradições entre o acidente e as lesões da vítima Além do vídeo, a Polícia Civil identificou contradições entre a dinâmica do acidente e as lesões apresentadas por Henay. De acordo com a apuração, os ferimentos observados no corpo da vítima não seriam compatíveis apenas com o impacto da colisão. Investigadores passaram a considerar a possibilidade de que Henay já estivesse inconsciente antes da batida, o que colocaria em dúvida a versão de que a morte teria sido causada exclusivamente pelo acidente de trânsito. Essas inconsistências levaram a polícia a aprofundar a análise do caso e a solicitar novos exames periciais. Relatos e comportamento do suspeito após o acidente Durante a apuração inicial, a Polícia Civil também colheu relatos de outras pessoas que reforçaram as suspeitas. Segundo esses relatos, o comportamento de Alison após o acidente chamou a atenção dos investigadores. Entre os pontos observados estão arranhões no rosto, suor excessivo e a troca de roupas nas horas seguintes ao acidente. Esses elementos passaram a integrar o conjunto de indícios analisados pela polícia. Além disso, durante o velório, foram observadas marcas no corpo da vítima consideradas compatíveis com possíveis agressões anteriores ao acidente, o que reforçou a necessidade de aprofundar a investigação. Histórico de violência e novos elementos A investigação também passou a considerar mensagens, fotografias e registros de atendimentos médicos que indicariam um possível histórico de violência doméstica. Para os investigadores, esse contexto ajudou a explicar os indícios levantados e a reforçar a suspeita de que a morte de Henay poderia não ter sido um evento isolado. Infográfico mostra o trajeto do carro, o local do acidente na MG-050, em Itaúna, e o pedágio onde câmeras flagraram a vítima inconsciente antes da colisão Arte g1 Nova perícia e adiamento do sepultamento Diante do conjunto de elementos reunidos — vídeo, contradições periciais e relatos — a Polícia Civil solicitou uma nova perícia no corpo da vítima. O sepultamento chegou a ser adiado para a realização de exames complementares. Peritos também analisaram imagens do acidente e indicaram, de forma preliminar, que seria improvável que a colisão, por si só, tivesse causado a morte. A partir disso, o caso passou a ser tratado oficialmente sob a ótica de possível homicídio, com indícios de feminicídio. LEIA TAMBÉM: Entenda em 6 pontos a briga em confraternização em que funcionário matou o patrão e acabou absolvido Técnica de enfermagem demitida de policlínica municipal admitiu que imprimiu contratos do próprio buffet durante o expediente Vídeo mostra jovem sendo esfaqueada até a morte pelo ex-namorado na porta de casa Prisão durante o velório Com o avanço das buscas e para preservar a investigação, Alison foi preso durante o velório da namorada, em Divinópolis. Segundo a polícia, ele não reagiu no momento da abordagem e negou o crime. Os celulares da vítima e do investigado foram apreendidos e encaminhados para análise pericial. A Polícia Civil aguarda o resultado do laudo de necropsia e a conclusão das oitivas para avançar no inquérito. O que diz a defesa de Alison Em nota, a defesa de Alison, representada pelo advogado Michael Guilhermino, informou que o investigado irá colaborar integralmente com as investigações. O advogado afirmou que Alison não reconhece como verdadeiras as acusações que lhe são atribuídas. A defesa disse ainda que aguarda a conclusão das oitivas e o resultado do laudo de necropsia para, no momento oportuno, apresentar esclarecimentos à Justiça e sustentar que a morte de Henay decorreu de um trágico acidente de trânsito. Henay Rosa Gonçalves Amorim teria morido após batida na MG-050, em Itaúna; vídeo de pedágio embasa investigação da Polícia Civil sobre possível feminicídio g1 VÍDEOS: veja tudo sobre o Centro-Oeste de Minas

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