
Segundo a Polícia Civil, dois homens atuaram por cerca de dois anos como médicos no Hospital Jardim Helena, na Zona Leste de SP. Reprodução A Polícia Civil de São Paulo faz nesta terça-feira (16) uma operação para investigar a atuação de falsos médicos que trabalharam por cerca de dois anos em um hospital privado da Zona Leste da capital. Segundo as investigações, ao menos dois suspeitos se passaram por médicos, atenderam 9 mil pacientes no período e são investigados por envolvimento em ao menos oito mortes. A ação é conduzida pelo 22º Distrito Policial de São Miguel Paulista, que cumpriu cinco mandados de busca e apreensão. Um dos alvos foi o Hospital Jardim Helena, localizado na Rua Erva-de-Andorinha, número 123, onde os investigados teriam atuado sem possuir formação médica válida ou autorização legal para exercer a profissão. De acordo com a Polícia Civil, um dos principais investigados é um biomédico que teria utilizado dados profissionais reais para trabalhar no hospital como se fosse médico. As apurações apontam que ele usava o nome e o registro de um profissional que confirmou à polícia que seus dados vinham sendo usados irregularmente há cerca de dois anos, causando prejuízos profissionais e financeiros. Ainda segundo a representação policial, os pagamentos feitos pelo hospital ao falso médico eram direcionados para a conta de uma terceira pessoa, o que levantou suspeitas de estelionato, fraude contra convênios médicos e possível lavagem de dinheiro. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A investigação também apura a atuação de outros falsos médicos na unidade. Um deles teria utilizado indevidamente a identidade de um médico verdadeiro, que negou qualquer vínculo com o Hospital Jardim Helena. A polícia localizou ao menos cinco boletins de ocorrência em que guias de encaminhamento de cadáver teriam sido assinadas em nome desse médico verdadeiro por alguém que se passava por ele. No total, a Polícia Civil identificou pelo menos oito registros de óbito assinados por pessoas que não possuem registro médico. Segundo os investigadores, o número de mortes pode ser maior, já que nem sempre o nome do profissional que assina os documentos consta nos boletins de ocorrência. “O hospital deveria saber e nada fez. Eles atuaram ali por cerca de dois anos”, afirmou o delegado José Mariano de Araújo Filho, titular do 22º DP, ao g1. Segundo ele, a unidade de saúde não adotou medidas mínimas de fiscalização para verificar a formação e a regularidade dos profissionais contratados. O Hospital Jardim Helena conta com um pronto-socorro 24h para adultos e crianças, e oferece antedimentos básicos até especialidades mais complexas como neurologia, cardiologia e ortopedia. Crimes Além do hospital, os mandados de busca e apreensão também foram cumpridos em endereços ligados aos investigados, incluindo residências, uma empresa registrada em nome de um deles e locais onde podem estar armazenados documentos, computadores e celulares que ajudem a esclarecer o esquema. A Polícia Civil investiga crimes de exercício ilegal da medicina, uso e falsificação de documentos, falsidade ideológica, estelionato, perigo para a vida ou saúde de terceiros e lavagem de dinheiro. As investigações continuam para identificar todas as vítimas, apurar a responsabilidade criminal dos envolvidos e verificar eventual responsabilização do hospital e de seus dirigentes. As investigações continuam para identificar o número exato de vítimas, apurar a relação direta entre os atendimentos e as mortes suspeitas e verificar eventual responsabilidade de gestores e administradores do hospital. O g1 procurou o Hospital Jardim Helena e aguarda posicionamento. A reportagem não localizou os acusados até a última atualização.
