
O presidente Lula se reuniu no último domingo (14) com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para acertar votações da agenda econômica nesta reta de final de ano. Os dois vinham de um período de atritos depois que Motta escolheu Guilherme Derrite (PP-SP), um adversário do Planalto, para relatar o projeto da Lei Antifacção. Além de Lula e Hugo Motta, também estava presente o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, preocupado com o fechamento das contas do Orçamento da União de 2026. Haddad vinha alertando o governo que, sem a votação de medidas nesta última semana de dezembro, a equipe econômica terá de fazer um bloqueio e contingenciamento "gigante" logo no início do ano que vem. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Durante a reunião, Lula buscou acertar os ponteiros com o presidente da Câmara, que havia voltado a se distanciar do Palácio do Planalto por causa da votação do PL da Dosimetria, da PEC da Segurança Pública e, principalmente, do projeto de Lei Antifacção. Lula criticou Hugo Motta por escolher para relator do projeto de lei Antifacção o ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, aliado do governador Tarcísio Gomes de Freitas, um possível adversário na eleição do ano que vem. Motta devolveu as críticas dizendo que a escolha do relator é uma prerrogativa dele. Os dois se reuniram em momento em que aliados de Lula estavam sugerindo que ele se reaproximasse de Hugo Motta. O presidente da Câmara dos Deputados passa por uma situação de instabilidade na Casa que comanda depois de os deputados não cassarem os mandatos de Carla Zambelli e Glauber Braga. No caso do deputado do PSOL do Rio, a irritação com Hugo Motta veio do Centrão, especialmente do deputado Arthur Lira, principal articulador da estratégia, que deu errado, de cassar o mandato de Glauber Braga, autor de denúncias ao STF e à Polícia Federal de irregularidades no Orçamento Secreto. Lira chegou a dizer que a Câmara estava uma esculhambação, numa crítica direta a Hugo Motta, que ele elegeu para sucedê-lo no posto. Segundo interlocutores de Lula, o governo só tem a perder se ficar brigado com o presidente da Câmara dos Deputados. Eles também lembraram que Hugo Motta também está precisando do governo para recuperar sua força no comando da Casa. Na reunião de domingo, Hugo Motta prometeu a Lula colocar em votação nesta semana a fase final da reforma tributária, o projeto que libera gastos de saúde e educação bancados com verbas do Fundo Social dos cálculos da meta fiscal e, principalmente, o projeto de corte linear dos gastos tributários. Os dois primeiros começaram a ser votados nesta segunda-feira (15). O terceiro, que pode gerar R$ 21 bilhões para os cofres públicos, está na pauta de votação da Câmara desta terça-feira (16). Depois, precisa ser aprovado ainda no Senado para começar a vigorar no ano que vem. O presidente Lula e o presidente da Câmara, Hugo Motta, participam do desfile do 7 de Setembro em Brasília Adriano Machado/Reuters
