
A Polícia Federal prendeu um desembargador do Tribunal Regional Federal no Rio de Janeiro Na decisão em que mandou prender o deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobrou informações do desembargador federal Macário Ramos Júdice Neto sobre a Operação Zargun — a da prisão de TH Joias, suspeito de ligação com o Comando Vermelho (CV). Por determinação de Moraes, Macário foi preso nesta terça-feira (16) pela Polícia Federal (PF), na 2ª fase da Operação Unha e Carne, que investiga justamente o vazamento de informações daquela operação. A defesa de Macário sustenta que “Moraes foi induzido a erro” ao determinar a prisão. “Não foi disponibilizada cópia da decisão que decretou sua prisão, obstando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa”, prosseguiu. “A defesa apresentará os devidos esclarecimentos nos autos e requererá a sua imediata soltura.” 📱Baixe o app do g1 para ver notícias do RJ em tempo real e de graça Desembargador Macário Judice Neto Reprodução/ TV Globo O que disse Moraes Na Petição 14.969 Rio de Janeiro, de 28 de novembro, Moraes listou uma série de determinações, a começar pela “prisão preventiva de Rodrigo da Silva Bacellar e, consequentemente, seu afastamento da Presidência da Alerj”. Houve ainda mandados de busca e apreensão contra outros alvos. O item 5 cita Macário nominalmente: “Ao Desembargador Relator Judice Neto, da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, [decreto] o compartilhamento de todos os elementos de convicção angariados em todos os procedimentos e processos relacionados à Operação Oricalco com a presente investigação”. O g1 apurou que Oricalco era o nome inicial da Zargun. É praxe, na PF, operações serem rebatizadas na véspera justamente para evitar vazamentos — ou, diante de informações já expostas, minimizar os danos do derrame. Menos de 1 mês após cobrar de Macário todas as informações da Zargun, Moraes expediu a prisão do desembargador. TH Joias e Rodrigo Bacellar, presidente da Alerj Divulgação Indícios contra Macário O jornalista Octávio Guedes contou em seu blog que a PF encontrou indícios de que Macário ajudou a vazar a Operação Zargun. Segundo apurou Guedes, Macário estava com Bacellar em um restaurante quando o então presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) ligou para TH Joias para avisá-lo da prisão iminente. Além disso, a PF extraiu, ainda, no celular de Bacellar, trocas de mensagens entre o então presidente da Alerj e o desembargador, que embasaram a operação desta terça. Este novo desdobramento das investigações da PF é resultado das informações obtidas pelos agentes a partir da apreensão e análise do conteúdo do celular de Rodrigo Bacellar. Enquanto ainda era presidente da Alerj, Bacellar foi preso em 3 dezembro, suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, a que prendeu o então deputado estadual TH Joias no início de setembro. Ele foi preso por tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-parlamentar do MDB também é investigado por supostamente negociar armas com o Comando Vermelho (CV). Como o Blog do Octávio Guedes mostrou no início de dezembro, Bacellar havia se recusado a dar a senha do seu celular para os agentes que estavam na superintendência da PF, mas mesmo com a recusa, foi possível acessar o conteúdo do aparelho.
