
Dinheiro em espécie perde espaço, mas resiste como ferramenta de controle Qual foi a última vez que você viu uma nota de dinheiro? Para muita gente, o dinheiro físico basicamente sumiu de circulação. Com o avanço da tecnologia, pagamentos por cartão físico, digital e Pix se tornaram comuns na rotina. Mas será que o dinheiro em espécie realmente desapareceu? Para descobrir, a TV TEM visitou três lugares onde as notas ainda circulam com força: feiras livres, igrejas e uma padaria de bairro. 📲 Participe do canal do g1 Bauru e Marília no WhatsApp Todos mostram que, apesar da modernização, o dinheiro vivo continua presente, seja por hábito, praticidade ou controle das finanças. 🥬Na feira, notas e moedas continuam à mostra Na feira da rua Floriano Peixoto, no Altos da Cidade, em Bauru (SP), bastam poucos passos para ver as notas passando de mão em mão. Entre as barracas de frutas, legumes e verduras, o dinheiro segue firme na preferência de muitos consumidores. Na feira da rua Floriano Peixoto, em Bauru, notas e moedas ainda circulam com frequência entre consumidores e feirantes TV TEM/Reprodução A empregada doméstica Maria Helena dos Reis Moreira diz que pagar em espécie ajuda no controle das compras. “Só em dinheiro. Eu vou pagando e vai sobrando. Se você vem com cartão, você se anima. O dinheiro não. Acabou, acabou.” A feira é frequentada majoritariamente por pessoas mais velhas, muitas delas acostumadas a lidar com dinheiro vivo e que não se adaptaram totalmente à tecnologia. Além disso, os valores das compras são baixos, o que favorece o uso de notas pequenas. Os feirantes seguem a mesma linha. O vendedor Sidney Sartori diz que as taxas das maquininhas pesam, então o dinheiro é sempre bem-vindo. “Eu prefiro dinheiro porque a taxa do cartão é alta. No dinheiro é melhor. Fico feliz quando chega nota.” O troco que pode ser um problema é resolvido rápido com a coletividade entre os feirantes, explica a feirante Ana Aparecida. “Sempre tem um amigo, um vizinho do lado ajudando. Quando eu tenho, ela não tem, e assim nós vamos. É pra facilitar o troco. Não dá pra perder a compra, né? Nem pensar.” ⛪ Na igreja, tradição e modernidade dividem espaço Outro ambiente onde o dinheiro segue circulando é a igreja. As tradicionais cestas de oferta agora dividem espaço com QR Codes colados nos bancos, que permitem a doação pelo celular. Em uma paróquia de Bauru, fiéis usam tanto dinheiro quanto Pix nas doações feitas durante as missas TV TEM/Reprodução O pároco Adinam Roniere da Silva explica que o tipo de oferta varia conforme o público: “Varia muito de missa pra missa. Na missa do domingo de manhã, que é predominantemente de pessoas adultas e idosas, prevalece a oferta em dinheiro. Nas outras missas, já oscila mais para a oferta digital.” “O que deve prevalecer é o espírito com o qual a oferta é feita. Mais do que ofertar o dinheiro que eu tenho, é ofertar a minha vida", completa. Entre os fiéis, há preferências distintas. A dentista Marina Prado afirma que cedeu à modernidade e até seu banco é digital. “Pago por Pix, que é mais fácil. Nem ando com dinheiro. Tenho banco digital.” Já o sindicalista Cilso José de Moraes admite que está mudando o hábito. “Eu ainda estou na moda antiga, mas acho que vou começar a fazer via Pix também, que é mais fácil.” Em uma paróquia de Bauru, fiéis usam tanto dinheiro quanto Pix nas doações feitas durante as missas TV TEM/Reprodução 🥖 Na padaria, a tecnologia domina, mas o dinheiro não some No bairro Mary Dota, o mais populoso de Bauru, uma padaria que atende de 800 a 1.000 clientes por dia registra um fluxo intenso de pagamentos digitais. A cada 10 clientes, 8 usam cartão ou Pix. Mesmo assim, cerca de 20% ainda preferem pagar em espécie. “A gente já chega com um fundo. Precisa ter troco ao longo do dia. Não pode faltar, senão o cliente sai bravo”, explica a gerente Ana Paula Borges. Em uma padaria no bairro Mary Dota, pagamentos digitais dominam, mas cerca de 20% dos clientes ainda preferem dinheiro vivo TV TEM/Reprodução Dinheiro só perde para o Pix Uma pesquisa do Banco Central feita no fim do ano passado, com 2 mil entrevistados, mostrou que o Pix é o método de pagamento mais usado no dia a dia. Mesmo assim, o dinheiro segue logo atrás: é a preferência de 22% dos brasileiros. O estudo indica que o uso do dinheiro é maior entre pessoas com menor renda, de até dois salários mínimos, e entre idosos: 72% das pessoas acima de 60 anos preferem notas e moedas. Igreja, feira e padaria: como os últimos redutos do dinheiro vivo resistem à era do Pix Freepik Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília VÍDEOS: assista às reportagens da região
