
Vereador mostrava situação da ponte e flagrou momento da queda O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira (Ponte JK) na BR-226, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), completa 1 ano nesta segunda-feira (22). Nessa mesma data, em dezembro de 2024, o colapso do vão central da estrutura, construída na década de 1960, levou 18 pessoas e vários veículos para o Rio Tocantins. Três vítimas seguem desaparecidas e uma pessoa sobreviveu. Além das perdas humanas, com 14 mortes confirmadas e três desaparecidos, a tragédia causou grande impacto logístico e gerou preocupações sobre a contaminação das águas devido à queda de caminhões carregados com substâncias tóxicas, como ácido sulfúrico e agrotóxicos. Sete meses após o acidente, a Polícia Federal (PF) concluiu que a causa do colapso foi o excesso de peso aliado à deficiência estrutural e falta de manutenção. O inquérito do caso segue em andamento. 📱 Clique aqui para seguir o canal do g1 TO no WhatsApp A estrutura remanescente foi implodida em fevereiro de 2025 para dar lugar à construção de uma nova ponte no local, essencial para o corredor rodoviário Belém-Brasília. A estrutura será inaugurada nesta segunda-feira (22). LEIA MAIS Vídeo mostra implosão da estrutura que sobrou de ponte que desabou entre o Tocantins e o Maranhão Três vítimas da queda da ponte seguem desaparecidas sete meses após tragédia entre TO e MA: 'É angustiante', diz irmã O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) chegou a abrir uma sindicância para apurar as causas do desabamento e exonerou o superintendente responsável pelo trecho, mas a investigação ainda não foi finalizada. "O Dnit esclarece que foi aberta na Corregedoria uma Investigação Preliminar Sumária (IPS). A investigação visa a elucidação das responsabilidades da queda e, como ainda está em andamento, não é possível antecipar detalhes do trabalho", afirmou em nota. Relembre como foi o desabamento: Como aconteceu o desabamento? Quem são os mortos e quem segue desaparecido? Como foram as buscas? Quando a ponte foi construída e quais os problemas apresentava? Como está a investigação? Como foi a construção da nova ponte? Buscas de vítimas após queda da ponte de Estreito, entre o TO e o MA Luiz Henrique Machado/Corpo de Bombeiros Como aconteceu o desabamento? O colapso da Ponte Juscelino Kubitschek ocorreu por volta das 14h50 de domingo, 22 de dezembro de 2024, quando o vão central da estrutura cedeu. A perícia da Polícia Federal (PF) concluiu que a queda foi causada pela deformação do vão central, resultado do excesso de peso dos veículos que trafegavam na estrutura. O processo de colapso durou aproximadamente 15 segundos, com o vão central caindo em menos de um segundo. A deformação no vão central da ponte causou um esforço lateral que gerou a rachadura que foi registrada em vídeos no momento do acidente. No total, 18 pessoas caíram no Rio Tocantins. Pelo menos oito veículos, incluindo motos, carros, caminhonetes e quatro caminhões, afundaram na água, sendo que três deles carregavam substâncias perigosas como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas. O trabalho de retirada dos veículos e dos galões de produtos químicos ainda não foi finalizado. A Marinha informou que não é responsável pela retirada dos produtos químicos. O g1 questionou o Dnit, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem. Quem são os mortos e quem segue desaparecido Vítimas da queda da ponte que ligava o Maranhã ao Tocantins Arquivo pessoal Do total de 18 pessoas que estavam na estrutura no momento do colapso, 14 corpos foram localizados e tiveram suas mortes confirmadas. A única pessoa encontrada ferida e que sobreviveu foi Jairo Silva Rodrigues. Veja quem foram os mortos que tiveram os corpos recuperados. Um ano após a tragédia, três vítimas continuam desaparecidas: Salmon Alves Santos (65 anos), Felipe Giuvannuci Ribeiro (10 anos), e Gessimar Ferreira da Costa (38 anos). Para essas vítimas, a declaração de morte presumida é uma medida judicial que pode ser solicitada pelas famílias, exigindo a análise de documentação pelo Poder Judiciário para deliberação sobre a emissão da certidão de óbito. A Marinha do Brasil informou que as buscas pelas vítimas desaparecidas chegaram ao limite técnico-operacional no dia 29 de janeiro de 2025. "As buscas poderão ser retomadas caso sejam identificadas novas informações concretas que ajudem na localização das vítimas". Como foram as buscas? Logo após o colapso da Ponte JK, equipes do Corpo de Bombeiros Militar do Tocantins e Maranhão, juntamente com a Marinha do Brasil, iniciaram uma operação de busca e resgate. Devido à presença de cargas perigosas como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas no rio, a liberação de mergulhadores para buscas submersas chegou a ser suspensa. As operações de busca foram intensivas e duraram 42 dias ininterruptos. Foram encontrados 14 corpos das 17 vítimas que inicialmente estavam desaparecidas. As buscas subaquáticas foram oficialmente encerradas em 1º de fevereiro de 2025, na véspera da implosão da estrutura remanescente. A Marinha auxiliou a operação com novos equipamentos para mergulho em águas profundas e uma câmara hiperbárica. Marinha faz registro durante buscas por desaparecidos no rio Tocantins Quando a ponte foi construída e quais os problemas apresentava? A Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, com 533 metros de extensão, foi construída na década de 1960, durante o governo de Juscelino Kubitschek. A estrutura foi notável na época por ter o maior vão do mundo em viga reta de concreto protendido, com 140 metros, um feito de engenharia construído para vencer um trecho profundo do Rio Tocantins. A ponte apresentava problemas estruturais que não acompanharam o aumento do tráfego e da carga transportada, além disso, os materiais perderam resistência ao longo do tempo. Um relatório técnico do DNIT de 2020 indicava problemas graves, como vibrações excessivas e um rebaixamento de 70 centímetros no vão central, classificando as condições como “sofríveis e precárias”. A estrutura havia passado por reparos em 2021, mas apresentava diversos problemas, e em 2024 chegou a ser aberto um edital para obras de reabilitação, mas o colapso aconteceu antes que um projeto fosse realizado. Estudo realizado na época recomendava a reabilitação da ponte para que sua integridade e segurança fossem compatíveis com as normas atuais, mas uma licitação de R$ 13 milhões em 2024 fracassou por falta de empresas habilitadas. Fotos usadas em relatório do Dnitsobre a ponte entre o TO e o MA, finalizado em 2020 Divulgação/DNIT Como está a investigação investigação? A Polícia Federal (PF) abriu investigações para apurar as responsabilidades pela queda da Ponte JK e os danos ambientais decorrentes. A perícia da PF, que durou mais de sete meses, concluiu em seu laudo final que o colapso foi causado pela deformação do vão central devido ao excesso de peso dos veículos. O delegado Allan Reis de Almeida afirmou que o desastre foi "anunciado" e que houve "omissão por parte de agentes públicos quanto à manutenção da obra". A PF irá investigar por que os reparos recomendados em relatórios do DNIT de 2020 não foram executados e por que o tráfego não foi interrompido. A Polícia Federal informou que até o momento, não houve indiciamentos ou prisões relacionadas ao caso e não há previsão de conclusão do inquérito. "As perícias de engenharia e ambiental realizadas pela Polícia Federal já foram concluídas, e outras diligências estão em curso" (veja a nota completa abaixo). O Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, concentrava a investigação nos danos ambientais resultantes da queda dos caminhões de ácido sulfúrico e agrotóxicos no Rio Tocantins. Em nota, o MPF informou que apura, por meio de inquérito civil, as causas da queda da Ponte Juscelino Kubitschek, com apoio de órgãos públicos e empresas contratadas. Ainda não há conclusão sobre responsabilidades. Paralelamente, tramita uma ação popular que pede a reconstrução da ponte, plano de manutenção e reparação de danos ambientais. O processo aguarda definição de competência judicial e há apuração semelhante na PRM Imperatriz (veja nota completa abaixo). Como foi a construção da nova ponte? Obra da nova ponte entre Aguiarnópolis e Estreito Divulgação/DNIT O que restou da antiga estrutura da Ponte Juscelino Kubitschek foi implodido em 2 de fevereiro de 2025. O procedimento de implosão controlada utilizou cerca de 250 kg de explosivos, que foram acionados remotamente nas colunas com um intervalo de três segundos em cada uma. A demolição foi uma etapa do cronograma para permitir a construção da nova ponte. A nova ponte foi construída em menos de dez meses. A ponte atual terá um vão livre de 154 metros – essa é a distância horizontal entre os pilares no centro da ponte, sobre o Rio Tocantins. Para manter o ritmo acelerado da nova ponte, a obra empregou mais de 500 colaboradores atuando em dois turnos. Veja os detalhes de como foi a construção. A inauguração da nova estrutura foi realizada nesta segunda-feira (22) de dezembro de 2025. Íntegra da nota da Polícia Federal A Polícia Federal informa que o inquérito instaurado para apurar as causas e eventuais responsabilidades pelo colapso da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, ocorrido em 22 de dezembro de 2024, segue em andamento. As perícias de engenharia e ambiental realizadas pela Polícia Federal já foram concluídas, e outras diligências estão em curso. Até o momento, não houve indiciamentos ou prisões relacionadas ao caso. O colapso da estrutura permanece sob apuração, e não há previsão para a conclusão do inquérito. Finalizadas as investigações, os autos serão encaminhados à Justiça Federal. Íntegra da nota do Ministério Público Federal No âmbito do 5º Ofício da Procuradoria da República no Tocantins (PR-TO), integrante do Núcleo de Tutela Coletiva, encontra-se em tramitação o Inquérito Civil (IC) nº 1.36.000.001112/2024-55. O IC foi instaurado com o objetivo de apurar as circunstâncias relacionadas à queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada na rodovia BR-226/TO, que interliga Estreito do Maranhão (MA) e Aguiarnópolis do Tocantins (TO), evento ocorrido em 22 de dezembro de 2024. O procedimento está sendo instruído mediante o recebimento de informações e documentos encaminhados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), pelas empresas NOVA ENGEVIX ENGENHARIA E PROJETOS S.A. (contratada para supervisão de manutenção da malha rodoviária), MATERA ENGENHARIA LTDA. (contratada para execução da manutenção da malha rodoviária da ponte), ETHOS ENGENHARIA DE INFRAESTRUTURA S/A. (contratada para execução de serviços comuns de engenharia na rodovia), bem como pelo Quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar. Até o presente momento, não se dispõe de uma conclusão definitiva acerca das causas determinantes do colapso, tampouco quanto à identificação de eventuais responsabilidades técnicas ou funcionais. As apurações pertinentes continuam em curso nas esferas competentes. Adicionalmente, verifica-se a tramitação da Ação Popular (autos nº 1015971-04.2024.4.01.4300), ajuizada por cidadão em 22 de dezembro de 2024. Nesta ação, o Ministério Público Federal (MPF) atua na função de fiscal da ordem jurídica. Os pedidos formulados na ação incluem a concessão de tutela de urgência para medidas de contenção dos danos e, no mérito, a condenação do DNIT para reconstruir a ponte em um prazo máximo de 12 (doze) meses, implementar um plano de manutenção periódica para todas as pontes sob sua responsabilidade nos Estados do Tocantins e do Maranhão e garantir a reparação dos danos ambientais resultantes do derramamento de ácido sulfúrico no acidente. A referida Ação Popular permanece em fase de instrução e, atualmente, aguarda decisão relativa ao conflito negativo de competência estabelecido entre a Segunda Vara Federal da Seção Judiciária do Estado do Tocantins e a Primeira Vara Federal da Subseção Judiciária de Araguaína/TO. Aproveito para informar que também tramita na PRM Imperatriz processo sobre esse tema. Veja mais notícias da região no g1 Tocantins.
