
Autor de obras premiadas, amapaense Gian Danton recebe principal título dos quadrinhos no país Ivan Carlo/Divulgação O quadrinista de obras premiadas do Amapá Gian Danton, pseudônimo de Ivan Carlo Andrade, se tornou o primeiro da região Norte a receber o título de Mestre do Quadrinho Nacional. A categoria é a mais importante do Prêmio Álvaro de Angostini, considerado o mais antigo dedicado aos quadrinhos no Brasil. A premiação reconhece o conjunto da obra e a contribuição do autor para o desenvolvimento do setor e para a formação de novos artistas. Gian explicou ao g1 a importância e os critérios da honraria. Baixe o app do g1 para ver notícias do AP em tempo real e de graça “O prêmio reconhece o conjunto da obra, não um trabalho específico, e segue critérios como tempo de produção e contribuição para novos artistas. Para mim, é uma alegria enorme receber essa honraria, que representa o ápice da carreira de quem trabalha com quadrinhos no país", disse. Representatividade para o quadrinho amazônico A conquista também marca um avanço para a produção da Amazônia, que historicamente enfrenta dificuldades para a visibilidade no cenário nacional. Danton destacou o impacto simbólico de ser o primeiro nortista a receber o título. “Sou a primeira pessoa da região Norte a receber esse prêmio, o que já mostra a importância desse reconhecimento. Durante muito tempo, o quadrinho amazônico não era visto, não ganhava prêmios e quase não chegava ao Sul e Sudeste. Agora estamos conseguindo romper essa bolha e mostrar que a Amazônia produz quadrinhos de excelente qualidade”, contou Gian. Com mais de 30 anos de carreira, Danton relembra o início da trajetória em Belém, em 1989, quando a produção de quadrinhos era ainda mais difícil para quem vivia fora do eixo Sul-Sudeste. Ele descreve um cenário sem internet, com comunicação lenta e poucas oportunidades. “Comecei a fazer quadrinhos em 1989, em Belém, numa época sem internet. Tudo era feito por carta, o que tornava o processo muito difícil — desde conseguir material até enviar trabalhos para editoras. Mesmo hoje, com internet e redes sociais, ainda existem desafios. No Norte, não temos as mesmas facilidades do Sudeste”, explicou o autor. Apesar disso, ele afirma que a cena local evoluiu e cita exemplos de produções de qualidade feitas no Amapá. “Tenho visto publicações impressionantes feitas aqui mesmo, como as do Coletivo AP Quadrinhos. Os artistas estão se profissionalizando, algo que antes era mais raro.” LEIA MAIS Quadrinhista do Amapá relembra participação em HQ especial de Maurício de Sousa 'Mazagão é única', diz autor amapaense de livro que explora lendas e histórias do município Biblioteca Elcy Lacerda oferece salas de leitura, gibiteca e acervos raros em Macapá Obras marcantes Danton também destacou dois trabalhos que considera fundamentais em sua trajetória. O primeiro é MSP +50, álbum comemorativo dos 50 anos de carreira de Mauricio de Sousa, do qual participou como um dos 50 artistas selecionados. “Participar do MSP +50 foi como ser convocado para a seleção na Copa do Mundo", expressou. 'O Astronauta', de Gian Danton e JJ Marreiro Gian Danton/Divulgação O segundo é Manticore, obra de ficção científica e terror produzida com artistas de Curitiba (PR). A história se destacou por apostar em uma narrativa ambientada no Brasil. “Naquele período, muitos artistas queriam imitar o estilo norte-americano. Nós fizemos o contrário: criamos um quadrinho ambientado no Brasil, em lugares reais. Isso teve grande impacto e fez de Manticore uma das histórias mais premiadas do país por mais de uma década", contou 'Manticore', quadrinho de terror escrito por Gian Danton Gian Danton/Divulgação Ao falar sobre formação de novos quadrinistas — um dos critérios do prêmio — Danton reforça a importância da persistência. Ele lembra que, no início da carreira, quase tudo conspirava para que desistisse, mas a insistência fez diferença. “O conselho que eu dou aos novos artistas é: não desistam. Quando comecei, tudo era muito difícil. Hoje existem redes sociais e internet, que facilitam a divulgação. Se ainda não for possível imprimir, publique online, mostre seu trabalho e conquiste público até conseguir lançar suas obras”, contou o autor. Amapá Pop: conheça os amapaenses que produzem histórias em quadrinhos no estado Veja o plantão de últimas notícias do g1 Amapá VÍDEOS com as notícias do Amapá:
